Tese questiona se atividade física combate gordura na adolescência
As prevalências de sobrepeso e obesidade entre adolescentes aumentaram nos últimos anos. A obesidade pode trazer consequências graves à saúde em curto e longo prazo. Por exemplo, adolescentes com sobrepeso e obesidade têm mais risco de desenvolver depressão ou se isolar, ter diabetes, hipertensão, problemas respiratórios (asma e apneia do sono) e dor nas costas. Estas condições tendem a persistir após a adolescência e aumentar o risco de morte prematura.
A prática de atividade física tem sido recomendada como uma das estratégias para prevenir e tratar o excesso de peso. Diversos estudos já demonstraram que adolescentes mais ativos fisicamente apresentam menores medidas de gordura corporal, mas poucos trabalhos investigaram o efeito da intensidade da atividade física (mais forte/vigorosa ou mais leve) sobre a massa gorda de adolescentes. O professor de Educação Física Virgílio Ramires, doutorando da Pós-graduação em epidemiologia da UFPel, sob orientação da Dra. Helen Gonçalves e do Dr. Samuel Dumith, conduziu uma pesquisa que avaliou os efeitos da prática de atividade física (aos 11, 15 e 18 anos de idade) sobre a massa gorda aos 18 anos. Os dados foram coletados com os pertencentes ao estudo dos nascidos em 1993, em Pelotas.
O estudo analisou dados de 3.986 adolescentes. A prática de atividade física foi avaliada por meio de questionários e as atividades físicas relatadas pelos jovens foram classificadas de acordo com sua intensidade, em moderadas (intensidade média) e vigorosas (intensidade forte). A gordura corporal foi avaliada através do equipamento moderno (DXA), que mede (em kg) as quantidades de massas óssea, magra e gorda do corpo.
Os resultados indicaram que praticar atividades físicas de intensidade vigorosa aos 11, 15 e 18 anos, tais como futebol e handebol, pode reduzir a quantidade de gordura corporal, mas somente em homens aos 18 anos. O menor envolvimento das meninas em atividades físicas vigorosas foi uma das principais razões apontadas pelos pesquisadores para não observação dos efeitos nas mulheres.
Também foi verificada a importância das atividades físicas moderadas e vigorosas para o ganho de massa muscular. Quanto maior o tempo acumulado de prática de atividades físicas moderadas e vigorosas durante a adolescência, maior foi a quantidade de massa muscular apresentada por meninos e meninas aos 18 anos. Mas os maiores benefícios foram observados para quem sempre praticava atividades de intensidade vigorosa.
Os autores concluíram que apesar das atividades de intensidade moderada não terem demonstrado efeito sobre a gordura corporal, são importantes pelo seu efeito no aumento da massa magra, o que pode representar uma alternativa para o aumento do gasto energético e consequente redução de peso e gordura corporal, especialmente entre meninas. Além disso, a prática regular deste tipo de atividade promove outros benefícios à saúde. No entanto, se a prática atividade física for realizada com o objetivo de redução de gordura corporal, atividades que necessitam de maior esforço e gasto energético (por exemplo: futebol, corridas, lutas e ciclismo) são requeridas. Neste contexto os autores recomendam que as práticas esportivas sejam amplamente difundidas entre adolescentes, especialmente nas escolas, com o objetivo de criar o hábito e o gosto por praticar atividades físicas com grande potencial de gasto energético e, consequentemente redução da gordura corporal, contribuindo assim, para o combate a epidemia da obesidade.
Título: Atividade física durante a adolescência e composição corporal aos 18 anos em pertencentes à Coorte de nascimentos de Pelotas de 1993.
Orientador: Helen Gonçalves.
Banca: Felipe Reichert, Maria Cecília Assunção e Pedro Hallal.
Local:Auditório Prédio B.
Data: 23/02/2015.
Hora: 08:30hs.
Apresentador: Virgílio Ramires.