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UFPel apresenta alternativas à reativação do Porto de Pelotas

DSC_0322DSC_0345O reitor da UFPel, Mauro Del Pino, e a pró-reitora de Extensão e Cultura, Denise Bussoletti, participaram, nesta quinta-feira(11) de Audiência Pública convocada pelo vereador Ivan Duarte, na Câmara Municipal, para debater a possível expansão das atividades do porto de Pelotas e as decorrentes repercussões junto à área hoje caracterizada por uma forte presença de atividades de ensino, cultura e lazer, nos aspectos de mobilidade urbana, preservação do casario e segurança.

Além da UFPel, participaram do evento representantes do Sindicato dos Portuários de Pelotas, da Secretaria Municipal de Gestão Urbana, Fepam e movimentos sociais, com destaque para o “Ocupa Quadrado”.

Segundo o professor da Faculdade de Direito, Gustavo Gazalle, que representou os interesses desses grupos, há informações de que o Governo do Estado estaria implementando um projeto que utilizaria o porto de Pelotas, a partir de 2015, para o transbordo de madeira, com destino à indústria Celulose Rio-grandense, em Guaíba. Depois de processado, o produto retornaria ao porto local com destino à exportação, seguindo para o porto de Rio Grande via rodoviária. Se confirmado, o projeto redundaria no movimento diário de cerca de 120 caminhões bitrens no perímetro urbano de Pelotas, especialmente na região portuária.

“Depois de décadas de abandono, a região do Porto, através da UFPel, ganhou nova configuração, com a transferência de unidades de ensino e projetos voltados à área da cultura e das artes. Não podemos permitir que a reativação de uma atividade bruta, rude, seja implementada sobre a comunidade acadêmica”, enfatizou Gazzalle.

O vereador Ivan Duarte disse que essa foi a terceira audiência pública realizada sobre o tema. Ele deu conta da elaboração de projeto estadual, que prevê a construção de um desvio da BR 392, construindo uma rota alternativa ao porto, mas que, por ter seu ponto culminante nas vias adjacentes, conflitariam com a atividade educacional, com o casario antigo e com a ocupação cultural ali existentes.

DSC_0342Ao expressar o ponto de vista da UFPel, o reitor Mauro Del Pino disse que a instituição não se furta ao debate e que a conotação social envolvida é pertinente às atribuições da Universidade. Lembrou que a revitalização da área portuária, que havia caído em desequilíbrio econômico, foi uma opção feita pela UFPel, na década de 1980. “Hoje a região respira uma nova realidade, voltando-se aos fins acadêmicos e ao desenvolvimento científico e tecnológico, além do aspecto cultural”, avaliou.

Del Pino deixou claro que a Universidade não foi procurada pelos órgãos responsáveis pela gestão do porto e por sua possível reativação. Disse que não se pode desconhecer os interesses dos portuários e o enfoque econômico envolvido nas atividades, mas ponderou que o debate só pode ser estabelecido a partir de dados concretos e principalmente diante da elaboração de estudos de impacto social, ambiental, cultural e urbanístico da iniciativa. “Por outro lado, a retirada dessa matéria-prima deveria ter sido pensada dentro de um modelo de reconversão produtiva”, acentuou.

O reitor fez menção ao projeto da Hidrovia do Mercosul, desenvolvido com a participação da UFPel, através da Agência da Lagoa Mirim, e lembrou que o projeto prevê vários terminais, como São Lourenço, Santa Isabel e Rio Grande, que, acredita, poderiam se constituir outras opções para o translado da madeira. Ele apresentou outra possibilidade – vislumbrada a partir da vista do porto de Pelotas obtida dos altos do prédio da Reitoria –, a de construção de um terminal no outro lado do Canal São Gonçalo, com maior proximidade da BR 392 e, em consequência, com um custo muito mais baixo do que a outra proposta.

“Este tem que ser um tema em aberto, mas não se pode colocar o interesse econômico acima de um projeto de desenvolvimento sustentável”, observou Del Pino e advertiu que atender ao viés econômico não significa descuidar a importância representada pela geração de conhecimento e pelo setor turístico, cultural e de lazer. “Não podemos nos resignar diante de uma proposta que não leva em conta os danos urbanísticos que esse tipo de economia pode gerar”, alfinetou.

Além do know how da Agência da Lagoa Mirim, o reitor da UFPel colocou à disposição a expertise das engenharias Hídrica e Ambiental, no sentido de discutir alternativas, não descartando a possibilidade de uso de outros terminais.

Diante da informação de que o governo do Estado, através da Superintendência de Portos e Hidrovias deverá detalhar o projeto  de reativação do porto local no dia 18 de dezembro, uma nova Audiência Pública foi marcada para sexta-feira, dia 19.

 

Publicado em 12/12/2014, nas categorias Destaque, Notícias.