Escavação arqueológica na Lagoa do Fragata
A equipe do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ-UFPel) iniciou nesta quarta feira(10) uma campanha de escavações arqueológicas em “cerritos de índios”. O trabalho ocorrerá até o dia 20 de dezembro na margem do canal São Gonçalo, no banhado da Lagoa do Fragata, município de Capão do Leão-RS.
Os cerritos, como são conhecidos popularmente esses sítios arqueológicos, são montículos de terra construídos e ocupados pelos indígenas que habitaram as áreas alagadas como banhados e charcos do bioma Pampa. As datações arqueológicas realizadas até o momento indicam que esses montículos podem ter sido ocupados desde 2500 anos antes do presente na região da laguna dos Patos, embora tenham sido encontrados cerritos com mais de 4500 anos no território uruguaio, cujas interpretações arqueológicas sugerem que tenham sido construídos pelos índios Charrua e Minuano.
Através do projeto “Arqueologia e História indígena do Pampa: estudo das populações pré-coloniais na bacia hidrográfica da laguna dos Patos e Lagoa Mirim”, financiado pelo CNPq e coordenado pelo professor Rafael Guedes Milheira, as pesquisas têm avançado no entendimento dos processos de ocupação dos diferentes grupos indígenas na região litorânea, bem como apontado questões relativas ao modo de vida dessas populações indígenas, envolvendo as formas de manejo, transformação e construção de paisagens culturais. Além disso, essa pesquisa tem evidenciado aspectos históricos referentes às ocupações indígenas no processo colonizatório, uma vez que aldeias indígenas de não mais de 350 anos também vêm sendo encontradas na região de praias da cidade de Pelotas. Por se tratar de uma história indígena milenar, há de se compreender que o cenário histórico da laguna dos Patos remonta a um período muito mais antigo que os 200 anos da cidade de Pelotas, o que nos permite pensar, portanto, em uma história de 2500 anos, cujos vestígios arqueológicos são perdidos diariamente pela fragilidade das políticas de gestão do patrimônio cultural em nossos municípios.
É importante frisar que, além da equipe do LEPAARQ-UFPEL, as pesquisas contam com alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em Antropologia e Arqueologia da Universidade, assim como alunos de outras instituições de ensino superior parceiras no desenvolvimento do projeto.