Egberto Gismonti dialoga com jovens músicos
Uma das atividades do Pelotas Jazz Festival realizadas nas dependências da Universidade Federal de Pelotas, que também integravam o Porto das Artes, contou com a presença do músico Egberto Gismonti, um dos grandes nomes da música popular brasileira. Em uma conversa com jovens músicos, o cantor e multi-instrumentista dialogou com os presentes em temas como o estudo dos instrumentos e alguns aspectos importantes da música. O evento foi realizado no auditório do Bloco 2 do Centro de Artes, na manhã de sexta-feira (21), a partir das 9h.
Como não poderia deixar de ser, o tema música foi pauta permanente no encontro entre Gismonti e os jovens músicos. “O músico, quando se apropria de uma música, a torna um pouco sua”, afirmou. Assim como acontece com um livro, ele prosseguiu, o público também tem sua parte de autoria, já que a interpretação do que é executado é dele.
Para Egberto, não interessa o virtuosismo em se ler uma partitura, por exemplo, mas que o músico desperte em quem escute o gosto pelo que está sendo tocado: “A música passa a ter significada quando é executada e aceita pelo público”.
No entanto, ele destacou que o estudo da teoria musical e da técnica dos instrumentos permite que o músico possa usar ainda mais a sua liberdade de expressão, já que, quanto mais ele sabe, mais tem opções para escolher. Tudo isso caminha no sentido de buscar a singularidade naquilo que se faz, a força maior da liberdade de expressão. Na opinião de Gismonti, o que o século 21 trouxe para o músico é a possibilidade de que ele toque com a própria vida.
Durante a rodada de perguntas, Egberto levantou uma polêmica para aqueles que são cuidadosos a tal ponto com seus instrumentos que se tornam, até certo ponto, escravos deles: “Instrumento é instrumento”. Ele exemplificou que , após ter descoberto que a linha de pesca gera o mesmo timbre de uma corda de violão, agora somente usa esse equipamento. “As pessoas me perguntam: ‘É pelo preço? Não! É pelo engraçado’”, divertiu-se, contando.