Professores apontam os desafios da Universidade
A inquietante questão sobre quais são os desafios da universidade contemporânea foi respondida, através de três visões diversas, por professores da UFPel, durante mesa redonda que fez parte das programações do 23º Congresso de Iniciação Científica (CIC), 16º Encontro de Pós-Graduação (Enpos) e 1º Congresso de Extensão e Cultura (CEC), eventos que ocorrem em paralelo durante toda esta semana. O debate ocorreu no começo da noite desta quarta-feira (10), no Casarão 8 da praça Coronel Pedro Osório e teve a mediação e apresentação da vice-reitora, Denise Gigante.
Os professores palestrantes foram César Rombaldi, da Faculdade de Agronomia, Flávio de Marco, da Faculdade de Odontologia, e Francisca Michelon, do Centro de Artes.
O professor Cesar Rombaldi começou sua manifestação respondendo a questão de modo muito simples. “É fazer da Universidade um lugar onde todos querem estar, sejam estudantes, empresários, trabalhadores ou quem quer que seja”. Só que esta tarefa não é fácil e conforme o professor “ainda não estamos neste nível, com este ponto de referência”, embora aponte que há setores da UFPel que atingiram grau de excelência.
Uma das causas apontadas por Rombaldi para esta situação é porque ainda temos um modelo clássico de ensino, que ele classificou de “falido”. Como romper com este modelo? Para o docente é preciso quebrar as barreiras existentes entre ensino, pesquisa e extensão e criar novas estruturas, que substituam o modelo de departamento e que surjam em função de uma situação ou de uma problemática, unindo profissionais de várias áreas. “Precisamos começar de trás para frente, a partir de um problema”, defendeu.
Rombaldi lista como medida a ser tomada ainda, e portanto como um dos desafios da Universidade, a promoção de uma internacionalização bilateral, com a Instituição não somente enviando gente para o exterior, mas principalmente recebendo docentes e pesquisadores de todas as partes do mundo.
O professor Flávio de Marco começou sua fala traçando rápido histórico da universidade no mundo e aprofundou sua manifestação na função social da instituição. O conceito apresentado é o de que a universidade é um bem público que deve estar ligado ao projeto de país desejado.
Para o professor da Odontologia, entre os desafios da Universidade estão o aumento do número de vagas; o acesso mais democrático, o que já foi melhorado com o sistema de cotas; melhorias na estrutura física; e que a universidade realmente se torne um centro de geração do conhecimento. De Marco diz ainda que é preciso aumentar a produção de mestres e doutores e fortalecer o conceito de que ciência e tecnologia são processos geradores de riqueza, ou seja, com reflexos diretos na economia. “O país deve aumentar ainda mais os investimentos em pesquisa e tecnologia, mesmo que isto já venha sendo feito”, preconizou. Para o docente, é necessário também transformar o conhecimento aplicado em patentes, a exemplo do que ocorre nos países desenvolvidos.
De Marco apregoa ainda que os docentes possuem desafios próprios, como de dar mais importância para a pesquisa, de onde chegam muitos recursos para a Universidade, e de rever a relação com os estudantes, inclusive no que toca a novos métodos de ensino, com o uso de tecnologias digitais. O professor considerou ainda que é preciso unir mais o ensino, com a pesquisa e com a extensão.
Já a professora Francisca Michelon fez uma abordagem mais voltada à extensão. Ela realizou sua manifestação em cima dos resultados da Universidade na última edição do Proext, Programa de Extensão Universitária do MEC. O trabalho apresentado pela docente está registrado em artigo publicado na última edição da revista Expressa Extensão, lançada nesta semana.
Francisca apresentou dados comparativos entre as últimas edições do Programa, com destaque para os recursos investidos pelo MEC, que foram de R$ 30 milhões em 2010 e de R$ 109 milhões em 2014, um expressivo crescimento.
Para ressaltar o desempenho da UFPel no certame deste ano, a docente frisou o aumento da concorrência do ano passado para 2014. Em 2013 foram 132 instituições participantes do concurso. Neste ano o número cresceu para 192. “As notas para aprovação dos projetos e programas também subiram de um ano para outro”, registrou Francisca.
Ela disse que, proporcionalmente, o desempenho da UFPel na captação de recursos do Proext chega a superar ao da UFRGS, maior universidade do Rio Grande do Sul, e mesmo ao da Universidade Federal da Paraíba, a que mais aprovou programas e projetos no Proext. “Tivemos um excelente desempenho num panorama extremamente competitivo”, avaliou.
A professora concluiu sua fala dizendo que é a UFPel é diferente. “Porque estamos na cidade e não dentro de muros, como as outras, num campus fechado. Nós saímos de nossos locais de trabalho e estamos na rua, encontrando as pessoas e recebendo demandas da sociedade. Tudo isso resulta num forte diálogo com a cidade”, afirmou.
Após as três manifestações, a palavra foi aberta para a plateia e seguiram-se debates com a mesa.