Filósofo português Nuno Nabais palestra sobre temas como bioética e biopolítica
Destaque na programação conjunta dos Congressos de Iniciação Científica e Extensão e Cultura e do Encontro de Pós-Graduação, ocorreu na tarde desta terça-feira (9), no Salão Nobre da Bibliotheca Pública Pelotense, a palestra “Ciência, Política e Ética”, proferida pelo professor português Nuno Nabais dos Santos, docente da Universidade de Lisboa.
Doutor em Filosofia, o palestrante tem experiência na docência também para a área da saúde, sendo colaborador da Faculdade de Medicina da instituição lisboeta. Sendo assim, muitas das colocações da explanação realizada no evento foram voltadas para a área da bioética, já consagrada, e da biopolítica, conceito emergente que leva em conta as relações e interesses dos grandes grupos em relação à vida e à saúde.
Nabais buscou em filósofos como Heideberg e Sartre os embasamentos para o início da sua palestra. Segundo o professor, o início do século 20 foi silencioso no que se toca aos estudos da ética, processo que é revertido na década de 1970, quando catástrofes ecológicas deflagram novos estudos sobre o tema, surgidos especialmente no âmbito das ciências jurídicas.
Já o início do novo milênio traz à discussão a bioética, com discussões como o direito ou não de manipulação genética para a criação de um “homem da laboratório” ou o aborto.
A partir das discussões bioéticas, surge um novo campo de estudos: a biopolítica, que para alguns estudiosos seria apenas um alargamento da bioética, ao passo que para outros seria um conceito alternativo, sobre como a vida é um ponto de aplicação de todas as formas de poder.
Partindo das teorias fundantes das duas áreas, Nabais trouxe dois pensamentos paradoxais sobre o assunto.
A primeira, assumida pelo italiano Giorgio Agamben, busca nas regras de pobreza de São Francisco de Assis, no direito a não ter direitos, a única forma de fazer uma democracia pura. “É um despojamento absoluto”, afirmou o professor. Segundo o autor citado por Nabais, o santo italiano considerava na liberdade animal uma vida pura, sem a necessidade de cânones jurídicos: “Os animais não têm direitos, mas, mesmo assim, vivem”.
Já a teoria do alemão Peter Sloterdijk fala da ditadura do fisco, na qual os impostos, uma criação moderna para financiamento dos sindicatos bancários, deveriam ser abolidos e transformados em um tipo de doação bondosa de retorno ao governo. Seria uma forma de afeto da generosidade.
Após as provocações trazidas por Nuno Nabais, foi aberto espaço para perguntas e discussões.