Ciclo de Palestra Prograu apresenta Lugares da Loucura
O Ciclo de Palestra PROGRAU apresenta a palestra Lugares da Loucura, ministrada pela professora Ana Paula Vieceli. A atividade será realizada nesta sexta-feira(23), às 18h, no auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel.
Resumo
Os processos de transformação das formas de compreender a loucura sempre imprimiram seus reflexos e expressaram-se na materialidade do espaço construído, determinando os lugares da loucura, os espaços da diferença. A contemporaneidade é testemunha de um processo de grande ruptura com o paradigma moderno manicomial e tem a Reforma Psiquiátrica como um marco das transformações que se deram nas formas de conceber a loucura e nas formas de cuidado e assistência ao sujeito-louco. O presente trabalho realiza um percurso histórico dos espaços arquitetônicos dedicados à loucura ao longo do tempo e em diversas sociedades, e investiga os espaços arquitetônicos dedicados à atenção em saúde mental que surgiram após o período de reformas e a ruptura com o sistema asilar e hospitalocêntrico.
Apresenta-se o Centro de Atenção Psicossocial como um dos lugares possíveis da loucura na contemporaneidade, a partir de um ponto de vista arquitetônico sobre o desenvolvimento de um desses equipamentos na cidade de Porto Alegre, através de um estudo de caso realizado no CAPS Cais Mental Centro. O trabalho analisa as respostas imediatas da arquitetura às demandas da Reforma Psiquiátrica e problematiza as diversas soluções espaciais de acordo com a sua apropriação pelos usuários do espaço.
O estudo privilegia as análises qualitativas, considerando a complexidade do objeto de estudo, a fim de identificar os novos conceitos e práticas produzidos nestes espaços que se diferenciam dos modelos assistenciais excludentes que o precederam e, consequentemente, as formas e elementos arquitetônicos que os acompanham. Considera também a relação entre loucura e espaço urbano, apresentando o Acompanhamento Terapêutico (AT) como uma clínica que se desprende da clínica tradicional e se lança numa imersão pelo território da cidade acompanhando o sujeito-louco em seus percursos, buscando criar, junto com ele, vínculos com os serviços de saúde mental e demais equipamentos sociais e culturais oferecidos pela cidade, criando novas possibilidades de existência para o louco e questionando a cidade em sua capacidade de acolher a diferença.