Odontologia desenvolve seus equipamentos
As grandes necessidades e os elevadíssimos preços dos equipamentos médicos e odontológicos, somados à escassez de recursos disponíveis, levaram a equipe de manutenção da Faculdade de Odontologia, conhecida na unidade como Manut.Odonto, a buscar soluções alternativas para os desafios, com o apoio da diretora da unidade, Márcia Bueno Pinto.
Um primeiro exemplo seria uma placa de circuitos para comandar as funções básicas das cadeiras odontológicas, elevar e declinar o assento; elevar e declinar o encosto; acender e a pagar o refletor; ligar e desligar a água da cuspideira.
A placa de circuitos recebeu o nome de Placa Salva Equipo, porque salvou equipamentos de ficarem inoperantes, devido a problemas nas suas funções básicas. A substituiu com perfeição a placa do fabricante, demonstrando “apenas” três diferenças com relação à original de fábrica:
I – Custo. O custo de mercado da placa varia de R$ 287,00 a R$ 480,00. O custo da placa desenvolvida pela Manut.Odonto ficou entre R$ 5,00 (utilizando peças dos inservíveis) e R$ 24,00 (utilizando peças adquiridas no comércio de Pelotas). Assim, se a UFPel utilizar uma placa fabricada pela Manut.Odonto economizará em média 96,21% por placa;
II – Durabilidade. Enquanto que a placa do fabricante apresenta problemas com quedas de energia, surtos de rede e descargas atmosféricas, a placa Salva Equipo é imune. Além disso, quando uma das funções da placa original é danificada, todas as demais são prejudicadas. Por exemplo: se o refletor não acende, o restante das funções da cadeira fica momentaneamente travados, devido à memória PIC. A Placa Salva Equipo tem as suas funções independentes, o que permite o normal funcionamento de todas as demais funções em caso de problemas isolados.
III – Manutenção. A Placa Salva Equipo pode ser consertada por profissionais que tenham conhecimentos básicos de eletroeletrônica, pois ela é “intuitiva”. As peças são encontradas com facilidade em casas de eletrônica, com preços que variam entre R$ 0,10 (peça mais barata) e R$ 3,50 (peça mais cara).
Segundo o técnico em eletromecânica Gilberto Vilela, da Manut.Odonto, a concepção da Placa Salva Equipo foi totalmente projetada para oferecer a robustez que as lides acadêmicas exigem, com simplicidade de manutenção e baixo custo de produção
O sugador cascatinha
Seguindo a política de resolver problemas com o menor custo possível sem prejudicar a qualidade do ensino e do atendimento, a equipe de Manutenção da Faculdade de Odontologia desenvolveu um sugador de saliva para ser utilizado nas salas de aula da Pré-Clínica, no 5º andar da FOP.
A Faculdade deparou-se com a necessidade de instalação de 70 sugadores nas salas de aula de Pré-Clínica, dos quais 35 exigiam ação imediata. Porém, não havia condições para a implantação de bombas a vácuo dentro da sala de aula, porque a obra prejudicaria o andamento das aulas e teria um custo com o qual a unidade não poderia arcar. Somente o aparelho suctor custa aproximadamente R$ 128,00, o que, multiplicado por 70, geraria um custo de R$ 9.960,00. O valor corresponde apenas ao equipamento principal, sem contar o valor dos acessórios.
A equipe do Manut.Odonto montou suctores utilizando o Sistema de Venturi, com equipamentos vendidos no mercado local ao custo de R$ 3,00 a unidade. O valor total dos equipamentos, portanto, foi de RS 210,00. Assim, a Faculdade de Odontologia teve uma economia de 97,89%.
A eficiência do sistema surpreendeu. Notadamente, o Cascatinha, como é chamado na Faculdade, tem potência até três vezes maior do que o sistema comercial, por ter sido montado em grupos de dois suctores num único Y (ípsilon) de PVC (em tubos de água). Assim, o sistema proporcionou um efeito cascata na sucção, daí Cascatinha, elevando a eficácia do equipamento.
Cadeira odontológica
Atualmente, a Equipe de Manutenção da Faculdade de Odontologia está desenvolvendo o projeto de uma cadeira odontológica universitária focada nos critérios de qualidade, durabilidade, funcionalidade, simplicidade e menor preço.
O assento da nova cadeira é constituído de uma base inflável e moldável, visando ao atendimento a pessoas portadoras necessidades especiais. A cadeira será indicada inclusive para o atendimento a pessoas com distúrbios nervosos, que necessita de barreiras de proteção contra impactos e movimentos bruscos. O técnico em eletromecânica Gilberto Vilela avalia que, após a conclusão do projeto, será viável encontrar uma forma para fabricação em série da nova cadeira de atendimento.