Acervo de Mário Osório Magalhães estará disponível em breve
A Coordenação de Bibliotecas (CBib) da UFPel recebeu a doação de mais de 2,4 mil obras da família do professor da UFPel Mário Osório Magalhães, falecido em 19 de setembro de 2012. As obras encontram-se na Biblioteca do Lyceu, que atenderá, também, aos cursos de Relações Internacionais e de Hotelaria e à Sala que levará o nome do docente e escritor. A Biblioteca será inaugurada em breve e o acervo disponibilizado para a comunidade.
Entre as doações, é possível encontrar obras do professor como História e Tradições da Cidade de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Pelotas Agrícola e Pastoril, A História de Pelotas Contada para Crianças, Uns Vinte Poemas Novos, Pelotas: Toda a Prosa, Pelotas Século XIX, História aos Domingos, Pelotas Princesa, Doces de Pelotas: Tradição e História, Um Resto de Sonho Ainda, Opulência e Cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: um estudo sobre a história de Pelotas (1860 – 1890), entre outras.
Nesta quinta-feira (19) completa-se o primeiro ano do falecimento de Mário Osório Magalhães, aos 62 anos. Sua carreira como docente da Universidade Federal de Pelotas está ligada ao Instituto de Ciências Humanas (ICH), do qual foi diretor por duas oportunidades, nos períodos de 1985 a 1989 e de 1998 a 2002.
Ao longo de sua trajetória como escritor, Mário Magalhães publicou quase duas dezenas de livros sobre a história de Pelotas e do Rio Grande do Sul, incluindo o Pelotas Princesa – livro comemorativo ao bicentenário da cidade.
Sua última obra, lançada em junho de 2012, foi o livro Sob as bênçãos de São Francisco – História da Casa da Criança São Francisco de Paula, que retrata a trajetória da instituição, desde sua fundação até os anos recentes.
UM RASTRO
(Mário Osório Magalhães)
Naqueles dias era bom viver
– mas era bom demais…
Não se sabia bem o que escolher
como se Deus
(se existe Deus)
nos entregasse as chances que nos prometeu
todas de uma vez só…
Jogava a tal felicidade
de enxurrada à nossa porta
e a gente nem sabia o que fazer com ela.
Provavelmente ela
por muitas noites pernoitou lá fora
e nem sequer abrimos a janela.
Quando a gente acordava, ela se intrometia
de tal maneira que não se sabia
que caminho escolher, pois eram todos bons…
Ela nos conduzia.
Deitávamos tarde, e nem se percebia
quando todas as manhãs ela voltava
batia o ponto e se estabelecia…
A gente enxotava a tal felicidade!
Hoje ela foi-se embora
e foi-se embora recolhendo tudo
(como a gente, àquele tempo, recolhia
as cadeiras, os copos, a rede da varanda).
Alguma coisa ela botou no lixo,
alguma coisa guardou…
Um belo dia ela se foi, levando
Um pedaço da minha vida e um pedaço da tua vida.
E só deixou um rastro
e só deixou um traço
e só deixou uma pegada pra gente persegui-la…
E foi por isso que a gente envelheceu.
Naqueles dias era bom viver,
e se viveu…
Provavelmente se viveu demais.