Professora da UFPel lança publicação premiada pelo Arquivo Nacional
“Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.” A obra O Terror Renegado – a retratação pública de integrantes de organizações de resistência à ditadura civil-militar no Brasil (1970-1975), da professora da UFPel, Alessandra Gasparotto, vem contribuir para a luta pelo direito à memória, à verdade e à justiça. A autora lança o livro em Porto Alegre no dia 27 de setembro, sexta-feira, a partir das 19h, na Palavraria.
A publicação é resultado da dissertação de mestrado da autora, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do professor Benito Bisso Schmidt. “O terror renegado – uma reflexão sobre os episódios de retratação pública protagonizados por integrantes de organização de combate à ditadura civil-militar no Brasil (1970-1975)” foi contemplada pelo 1º Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, em 2010. A distinção é bianual e promovida pelo Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil – Memórias Reveladas e pelo Arquivo Nacional – órgão do Ministério da Justiça.
Além da obra de Alessandra, outros dois títulos foram contemplados pela premiação em sua primeira edição. Eles foram lançados em conjunto em abril no Rio de Janeiro, no auditório do Arquivo Nacional, e em agosto no Memorial da Resistência em São Paulo. “O Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas é de extrema importância, porque estimula as investigações em torno de temáticas vinculadas ao período ditatorial. Ao premiar os trabalhos desenvolvidos com uma publicação, amplia a circulação de obras que, geralmente, se restringem a um público mais especializado. Este é um desafio que temos que enfrentar: aproximar os estudos e os documentos que estão sendo descobertos sobre o período – especialmente após a criação da Comissão Nacional da Verdade – da sociedade”, afirma a autora.
Em seu estudo, a pesquisadora e professora de História Alessandra Gasparotto aborda os chamados “arrependidos” do período ditatorial brasileiro. Trata-se de militantes de organizações que combatiam à ditadura e que foram levados a retratar-se publicamente. Os depoimentos desses ex-combatentes do regime foram veiculados nas principais redes de televisão e jornais da grande imprensa a partir de 1970. Nestes depoimentos, os militantes geralmente abriam mãos de suas convicções políticas, negavam a tortura nos “porões” do regime e desencorajavam os jovens a entrarem na luta armada.
Benito Bisso Schmidt, orientador de Alessandra durante o mestrado, assina a apresentação da obra, reforçando que a análise foi de grande densidade teórica e metodológica, baseada em ampla pesquisa empírica.