O Brasil dentro do cenário mundial:

  • O Brasil se encontra no 90° dia da epidemia após o 100° caso e não apresenta atenuação no seu crescimento. Dados: confirmados: 802.828; óbitos: 40.919; recuperados: 345.595; casos ativos: 416.314
  • No mundo: confirmados: 7.634.910; óbitos: 424.701; recuperados: 3.865.421; casos ativos: 3.344.788

No gráfico pode-se ver a evolução diária da epidemia no mundo. São analisados 12 países, após a confirmação do 100° caso, sendo que na maioria destes a epidemia está em ascendência. O Brasil segue com ritmo de crescimento elevado, não apresentando atenuação no avanço da epidemia. Dentre os países selecionados, o número de casos confirmados no Brasil é inferior somente ao dos Estados Unidos, sendo o país com o 2° maior número de infectados, de casos ativos e recuperados, e ocupando a 3ª posição no número de óbitos (passou para a 2ª posição após a coleta de dados desta publicação, ultrapassando o Reino Unido).  Analisando os valores por 1 milhão da população, temos no Brasil 3820 casos confirmados e 195 mortes.  Estes dados são reforçados na tabela do site Information is beautiful.

Na tabela abaixo pode-se ter uma idéia geral da epidemia (https://informationisbeautiful.net/). Na tabela com o título “Taxas de infecção e fatalidade variam de acordo com o país: Qualidade dos cuidados de saúde, idade média da população – ambos os fatores”, são apresentados os casos confirmados (confirmed cases), mortes (death), a porcentagem de casos que foram a óbito (% cases who have died), os casos por milhão da população (cases per million people), e óbitos por milhão (death per million people), para os 20 países que lideram cada categoria no dia de hoje. Pode-se verificar que  os Estados Unidos, Brasil, Rússia e Índia são os países com o maior número de infectados por COVID-19, respectivamente. Se analisarmos os casos por milhão da população, este ranking é de Chile, Peru, Estados Unidos e Bielorússia, sendo que o Brasil se encontra em 11°. Nas mortes por milhão, Bélgica, Reino Unido, Espanha e Itália lideram os números, sendo que o Brasil se encontra em 12°.

Na sequência apresentam-se gráficos que mostram onde a epidemia está crescendo, onde está decaindo, e qual a respectiva porcentagem. São apresentados os gráficos para casos confirmados e óbitos (https://informationisbeautiful.net/). As linhas em laranja e vermelho indicam crescimento, as linhas em azul indicam decaimento. O tamanho das retas é proporcional a porcentagem deste crescimento/decaimento.

Para termos uma ideia dos valores absolutos por continente, segue abaixo os dados para os 6 continentes:

  • América do Norte (39 países): confirmados: 2.393.012; óbitos: 141.995; recuperados: 1.004.832; casos ativos: 1.246.185
  • Europa (48 países): confirmados: 2.171.233; óbitos: 181.963; recuperados: 1.145.582; casos ativos: 843.688
  • Ásia (49 países): confirmados: 1.526.407; óbitos: 38.311; recuperados: 926.213; casos ativos: 561.883
  • América do Sul (14 países): confirmados: 1.313.866; óbitos: 56.394; recuperados: 678.380; casos ativos: 579.092
  • África (57 países): confirmados: 220.770; óbitos: 5.899; recuperados: 101.392; casos ativos: 113.479
  • Oceania (6 países): confirmados: 8.901; óbitos: 124; recuperados: 8.371; casos ativos: 406

Na figura a seguir, apresenta-se o gráfico da evolução da epidemia no Brasil, tanto para o número de infectados quanto para o de óbitos diários, evidenciando a curva de tendência ascendente para ambos os casos.

O RS dentro do cenário brasileiro:

Nos gráficos a seguir, apresenta-se a evolução do COVID-19 para o Brasil e 14 estados. Foram considerados os estados com o maior número de casos confirmados, considerando a partir do 100° caso. O RS segue com velocidade menos intensa que SP, RJ, CE, PE, AM, ES, BA, AL e PA.

Conforme pode-se ver na tabela, o RS possui 124,53 infectados e 2,84 óbitos por 100.000 habitantes e tem a 3ª menor taxa, dentre os estados selecionados, nos casos confirmados. Dentre os 3 estados da região sul, o RS segue apresentando o maior indicador no número de óbitos. Do valor total de casos confirmados, 81% se recuperaram e 17% seguem em acompanhamento.

Na sequência é apresentado o gráfico dos dados confirmados de COVID-19 para o RS, juntamente com os dados modelados pelo modelo matemático SIR utilizado pelo GDISPEN.

O número de casos de COVID-19 continua crescendo no RS. Na sequência é apresentado o gráfico do número de reprodução diário (Rt) para 12 semanas epidemiológicas. Observa-se a variação deste número ao longo das semanas, sendo que na última semana o estado teve um Rt=1.36, com um índice de confiança de 95% variando entre 1.27 e 1.39.

Os valores de Rsão calculados através de um modelo parametrizado para epidemias, desenvolvido por um grupo experiente de pesquisadores do colégio Imperial de Londres, Reino Unido (Thompson et al., 2019). Este modelo leva em conta a incidência de casos notificados. Assim, a interpretação de um valor de Rt menor do que 1 deve ser feita com cautela.

Com o aumento do número de casos confirmados e de suspeitos de COVID-19, o sistema de saúde do RS tem acompanhado um aumento no número de ocupação dos leitos de UTI, sendo que atualmente, aproximadamente 70% destes leitos estão ocupados. Hoje, temos 1950 leitos de UTI no estado, com um aumento de aproximadamente 240 novos leitos somente no último mês.

Abaixo seguem os gráficos das 16 cidades gaúchas que possuem mais de 100.000 habitantes e que tiveram mais de 50 casos confirmados, a pelo menos 10 dias. No total são 343 municípios do RS que possuem casos confirmados de COVID-19. No modelo matemático SIR, foi considerada uma taxa de reprodução R0 que variou de 1.15 a 1.6 (significa o número médio de pessoas que são infectadas por um único indivíduo) entre as cidades e um período de infecção de 5.2 dias. Devido a defasagem entre os relatórios divulgados pelos municípios e o painel de monitoramento do governo estadual, para as cidades de Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria, os dados confirmados das prefeituras municipais serão utilizados e para as demais cidades, os dados da Secretaria da Saúde do estado. Pelotas está com 158 casos confirmados de COVID-19 (dado divulgado pela Prefeitura Municipal em 12/06).

Este estudo tem finalidade puramente acadêmica e científica, mostrando a grande aplicabilidade da modelagem matemática em problemas reais. As discussões, opiniões, idéias e publicações geradas a partir dos resultados do modelo utilizado são de autoria dos respectivos autores, e não necessariamente representam aquelas das instituições a que estes pertencem. Detalhes da pesquisa podem ser consultados na página do laboratório do Grupo de Dispersão de Poluentes & Engenharia Nuclear (GDISPEN): https://wp.ufpel.edu.br/fentransporte/.

* Os dados da epidemia foram consultados as 14h do dia 12.06 nas redes sociais e nos sites do Ministério da Saúde do Brasil e da Secretaria da Saúde do RS, da Universidade John Hopkins, da Fiocruz, da plataforma P2k do DMS da UFPel, e do Worldometeres. Os dados podem divergir de acordo com a fonte consultada.

Referência:

Thompson, R.N., Stockwin, J.E., von Gaalen, R.D., Polonsky, J.A., Kamvar, Z.N., Demarsh, P.A., Dahlqwist, E., Li, S., Miguel, E., Jombart, T., Lessler, J., Cauchemez, S., Cori, A., 2019, Improved inference of time-varying reproduction numbers during infectious disease outbreaks, Epidemics 29, doi: 10.1016/j.epidem.2019.100356