Nutrição avaliará obesidade em 110 municípios do RS
Projeto da Faculdade de Nutrição da UFPel avaliará o conhecimento sobre alimentação saudável, o estado nutricional e as presenças de sobrepeso e obesidade em profissionais da rede de atenção básica em saúde e em parcela da população atendida nesta rede, em 110 municípios gaúchos. O trabalho será feito, até abril de 2021, nas regiões das 3ª, 6ª e 15ª Coordenações Regionais de Saúde, é financiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde e tem as participações das Universidades Federais da Fronteira Sul e de Santa Maria, da Universidade de Passo Fundo, da Unisinos, da Secretaria Estadual da Saúde e da Prefeitura de Pelotas.
A pesquisa, que envolve recursos na ordem de R$ 340 mil, para custeio e bolsas, objetiva, ainda, identificar fatores associados ao nível de conhecimento sobre alimentação saudável e se este conhecimento está em consonância com as recomendações alimentares e nutricionais oficiais brasileiras, como as do Ministério da Saúde.
Para a coordenadora do projeto, professora Denise Gigante, da Faculdade de Nutrição, esta é uma pesquisa que será desenvolvida com gestores, profissionais e usuários da atenção primária à saúde com vistas ao enfrentamento da obesidade com ações de ensino, pesquisa e extensão.
“O conhecimento sobre alimentação saudável tem sido apresentado no Guia Alimentar para a População Brasileira que é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e também em outros setores”, explicou a pesquisadora da UFPel.
Ela observa que há duas edições desse Guia, a primeira de 2006 e a segunda de 2014. “A importância de que as informações do Guia, que constam nessa segunda edição, cheguem a toda a população é fundamental para garantir o direito humano à alimentação expresso na Constituição Federal”, sublinha.
As prevalências de sobrepeso e de obesidade vem aumentando no Brasil e no mundo, registra Denise Gigante, em todas as faixas etárias e, mais recentemente, em crianças e adolescentes de todas as regiões do país e todos os níveis socioeconômicos.
“No entanto, a influência dos diferentes determinantes dessa situação não tem sido adequadamente enfrentada e ações de prevenção e tratamento têm sido muito focadas no indivíduo tornando-o unicamente responsável pela sua situação. E é nesse sentido que este projeto pretende atuar buscando enfrentar a prevenção, controle e tratamento do sobrepeso e da obesidade, especialmente no nível da atenção primária à saúde como um esforço coletivo de uma equipe de saúde interprofissional que busca enfrentar os diferentes determinantes dessa situação, na busca de soluções para os problemas individuais e, principalmente, coletivos”, afirma a professora.
O trabalho prevê a realização de treinamento dos profissionais, de grupos de discussão a fim de descrever as potencialidades, dificuldades e estratégias de enfrentamento da obesidade, de oficinas sobre identificação, prevenção e tratamento da obesidade, de capacitação dos profissionais de saúde e gestores para promoção da alimentação adequada e saudável, liderança, advocacy, planejamento, organização e monitoramento das estratégias e ações de atenção nutricional locais.
Os resultados da pesquisa e das ações, conforme o plano de trabalho do projeto, deverão ser apresentados às comunidades e autoridades, bem como divulgadas as atividades desenvolvidas e disponibilizadas orientações para promoção da alimentação adequada e saudável, sempre em locais de ampla visibilidade.
Um milhão de beneficiados
Cerca de mil pessoas serão convidadas a participar do estudo, mas os pesquisadores esperam que estes, como os gestores e os profissionais de saúde que atuam nos 110 municípios dessas coordenadorias, possam ser multiplicadores, de forma que as ações propostas possam chegar de forma indireta a cerca de um milhão de pessoas.
No momento, são 20 pessoas das Universidades Federal de Pelotas, Fronteira Sul e Santa Maria, além dos técnicos das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde participando do planejamento do estudo. Mas, conforme a coordenação do trabalho, poderão ser cerca de cem pessoas, entre técnicos, professores e estudantes, que terão alguma participação no projeto.