Primeira turma do Mais Médicos conclui especialização na UFPel
Um grupo de 164 profissionais vinculados ao Programa Mais Médicos, do Governo Federal, está finalizando o curso de Especialização em Saúde da Família pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O curso é requisito do Ministério da Saúde para a atuação dos profissionais estrangeiros no país. Trata-se de um momento histórico para a UFPel, que é responsável capacitar médicos em sete estados brasileiros.
As defesas dos 55 trabalhos de conclusão em Pelotas iniciaram nesta quinta-feira (9) e prosseguem até hoje (10). Outras apresentações já foram feitas em Natal, Teresina e Manaus.
Essa é a primeira turma do Mais Médicos a concluir o curso. Dentre os alunos, estão argentinos, uruguaios, espanhóis, portugueses e, na maioria, cubanos. Atualmente, a especialização tem dois mil estudantes, distribuídos nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul – com exceção da região metropolitana de Porto Alegre. Até o fim do ano, estão previstas mais 900 defesas de alunos vinculados ao Mais Médicos.
Conforme explica a coordenadora da especialização, professora Anaclaudia Gastal Fassa, o foco do curso está na melhoria da formação em atenção básica. Para isso, tem uma forte ligação com a atividade prática dos alunos e requer intervenções de três meses em ações programáticas. A maior parte do curso é na modalidade a distância e os médicos especializandos aplicam as ações nas comunidades onde atuam. São desenvolvidos trabalhos especialmente nas áreas de saúde da criança, pré-natal e puerpério, diabetes, hipertensão, prevenção do câncer de colo e mama, saúde da pessoa idosa e saúde na escola.
Ao fazerem a especialização, os médicos ganham maior conhecimento a respeito do sistema de saúde brasileiro, protocolos e rotinas utilizadas no país. Soma-se a isso o fomento do monitoramento dessas práticas e a qualificação no idioma. “Essas intervenções proporcionam a melhoria da qualidade da atenção básica de maneira geral”, ressalta a coordenadora.
Na avaliação de Anaclaudia, os trabalhos desenvolvidos têm superado as expectativas. “Estamos muito satisfeitos com os resultados. É um contexto em que todos aprendem, inclusive a rede de formadores”, disse, ao destacar o volume de pessoas impactadas pelas ações propostas pelos alunos. “O Mais Médicos surgiu como uma questão controversa, mas sempre acreditamos que ele era importante para possibilitar o acesso à saúde da família”, pontuou. De acordo com ela, o engajamento e envolvimento da Universidade estão focando na ampliação desse acesso com qualidade. “É um trabalho árduo, mas muito emocionante. Já tivemos alunos distantes cinco dias de barco de Manaus”, contou.
Experiência positiva
O médico cubano Maikel Ramirez Valle, de 36 anos, chegou ao Brasil em novembro de 2013. Desde então ele atua no interior de Candiota, em uma comunidade ligada ao Movimento Sem Terra. São cerca de 1,7 mil pessoas sob seus cuidados e da equipe de saúde da família.
Sem estar acostumado com ambientes virtuais de aprendizagem, sentiu-se desafiado pelo curso. “Foi uma boa experiência. Favoreceu o intercâmbio com outros colegas, ideias, formas de pensar e tratamentos”, relatou, destacando o apoio fundamental dos professores. Para o médico, a especialização proporcionou que conhecesse todos os protocolos de saúde do Brasil.
Em sua ótica, o trabalho desenvolvido via Programa Mais Médicos oportuniza que as pessoas se sintam mais assistidas e acompanhadas. “Quando pessoas simples, que talvez não tivessem condições de procurar uma clínica particular, procuram essa atenção e encontram, é muito satisfatório”, disse.