UFPel outorga títulos honoríficos a Luiz Carlos Vinholes e Maria Letícia Ferreira
Duas trajetórias de vida, por suas contribuições à Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e à sociedade em geral, foram celebradas na tarde de sexta-feira (15). Em cerimônia no auditório do Centro de Artes da UFPel, a Instituição outorgou títulos honoríficos a Luiz Carlos Vinholes (doutor honoris causa) e a Maria Letícia Ferreira (professora emérita). O diploma de doutor honoris causa, expressão latina que remete à ideia de motivação pela honra, destina-se às personalidades que tenham se distinguido pelo saber, por sua atuação ou para o melhor entendimento entre os povos. Já o título de professora emérita é concedido a quem tenha alcançado posição de destaque em suas atividades docentes na UFPel.
Ao trabalho intelectual do novo doutor honoris causa da UFPel, a reitora da UFPel, Isabela Andrade, na sequência da outorga dos títulos, sublinhou a sua atuação referencial na área de pesquisa, entre as demais características de seu histórico profissional e de ativismo cultural. “Visionário que contribui de forma notável para a Ciência e para a sociedade. Sua dedicação à excelência acadêmica e à inovação o tornam um líder incontestável em seu campo”, definiu.
Já a carreira da docente emérita da UFPel foi qualificada como “brilhante” e “excepcional” para o campo da Memória Social e Patrimônio Cultural: “Maria Letícia é uma fonte inesgotável de inspiração. Deixa um legado perene na Universidade e na área de estudos”. Além de sua atuação para a criação e consolidação de cursos nessa área, a reitora observou a sua dedicação ao patrimônio cultural local, manifestada pelo Museu das Telecomunicações e pelo inventário nacional de referências culturais sobre o doce de pelotense.
Promoção da cultura brasileira
O oficial de chancelaria (profissional do serviço diplomático brasileiro), compositor, escritor e tradutor, Luiz Carlos Vinholes, agradeceu à família e a uma série de profissionais, especialmente professoras e professores, que contribuíram para a sua carreira artística, hoje reconhecida nacional e internacionalmente. À Universidade, manifestou o desejo pela continuidade de projetos culturais, particularmente o estudo sobre o desenvolvimento do saquê (bebida tradicional japonesa) e ampliação do espaço de exposição do acervo de arte da Instituição. Agradeceu também aos diversos setores da UFPel, pelo “apoio”, “dedicação” e “carinho” constantes. “É com toda a humildade que recebo esse honroso título. Eu levo esse diploma com muito orgulho, procurando continuar a me comportar de forma a merecer”, projetou.
Durante a cerimônia, a vice-reitora da UFPel, Úrsula da Silva, relembrou os marcos da carreira de Luiz Carlos Vinholes, quem considerou um “exemplo de vida”. A sua exposição abordou desde o início de seus estudos, em Pelotas, no Conservatório de Música, a sua passagem em São Paulo, até a sua atuação em diversos países na divulgação da cultura brasileira, principalmente no Japão. “Mesmo de longe, sempre esteve presente, seja nos estimulando com as suas novas propostas, seja publicando artigos nos jornais, valorizando a atuação da Universidade, dos profissionais da educação e do nosso compromisso com a propagação do saber e da diversidade cultural”, salientou.
O doutor honoris causa da UFPel também foi o introdutor da Música Aleatória (método de composição) no País e promoveu o reconhecimento das primeiras cidades-irmãs do Brasil com o Japão. Pelotas tem como símbolo dessa relação de irmandade a Praça Jardim de Suzu, no bairro Três Vendas, que leva o nome da cidade japonesa com quem mantém laços de cooperação. Para difusão da arte e da cultura, Luiz Carlos também fez doações de seus acervos para a discoteca do Centro de Artes e para o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Malg), que conta com cerca de 300 gravuras japonesas, cerâmicas, esculturas, pinturas, objetos artísticos e etnográficos
Dedicação à Memória Social e ao Patrimônio Cultural
Em seu discurso após o recebimento da homenagem, Maria Letícia compartilhou que o ingresso na Universidade, como professora efetiva, mudou o curso de sua vida. “A UFPel se fez em mim como meu lugar de trabalho, minha fonte de sustentação, uma porta para universos que desconhecia, o sentido da expressão servidora pública”, resumiu. A docente aposentada manifestou a sua gratidão às pessoas que compartilharam de sua trajetória. “Nunca estive sozinha. Tudo que fiz foi porque sempre me vi amparada em muitas pessoas”, agradeceu, em referência a docentes, estudantes, técnicas e técnico-administrativos em educação e trabalhadoras e trabalhadores terceirizados que participaram de sua atuação profissional na UFPel por mais de três décadas.
Na exposição de motivos à concessão do título de professora emérita, o diretor do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Sebastião Peres, destacou a iniciativa, a liderança e o caráter agregador da docente que iniciou a sua atuação na Universidade em 1989. Essas características pessoais contribuíram para que a Instituição oferecesse à sociedade diversas formações, em nível superior e pós-graduação. Maria Letícia Ferreira atuou para a criação dos cursos de Museologia e Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, de mestrado e doutorado em Memória Social e Patrimônio Cultural e da especialização em Memória, Identidade e Cultura Material.
A docente também se destacou no processo de criação do Museu das Telecomunicações, na elaboração do inventário da tradição doceira pelotense, hoje reconhecida como patrimônio imaterial, no movimento sindical e na área de relações internacionais da Universidade. A homenagem da UFPel à atuação de Maria Letícia, aprovada pelo Conselho Departamental em julho de 2022, reforça, segundo o diretor, “a importância das Ciências Humanas e Sociais” naquele contexto político nacional, em que as Ciências, principalmente as Humanidades, eram “atacadas por altas autoridades da República”.