Encontro debate bolsas de extensão para ações afirmativas
Estratégias para aproximar os estudantes beneficiários de ações afirmativas das oportunidades de bolsas em projetos de extensão foram debatidas em encontro nesta quarta-feira (08). Representantes da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Prec) e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) estiveram reunidos com coordenadores de projetos de extensão para discutir o tema e convergir esforços para atingir esses alunos e alunas. O encontro pode ser assistido no YouTube da UFPel.
Os editais de extensão em geral dividem o ingresso entre ampla concorrência e ações afirmativas. Anteriormente, quando as vagas de ações afirmativas não eram preenchidas, migravam para ampla concorrência, mas atualmente permanecem sendo dedicadas a este público, em edital específico, para que as pessoas de direito ocupem esses lugares.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Eraldo Pinheiro, defendeu uma busca ativa desses acadêmicos para o preenchimento das vagas. “Não é característica do estudante de ações afirmativas ‘chegar’ no coordenador. Quando falamos em busca ativa e oportunidade, falamos em trazer diversidade ao grupo [do projeto de extensão]. Queremos sensibilizar para isso”, pontuou.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rosane Brandão, salientou a grande desigualdade vivida no país e que as ações afirmativas são ainda recentes. “Dez anos não é tempo para a humanidade. O acesso à universidade ainda é muito novo. Quando essas pessoas entram, se sentem neste lugar?”, questionou, lembrando que a maioria dos estudantes beneficiários é de pessoas que são as primeiras da família a ingressar em um curso superior. “Eles podem pensar ‘não sinto que isso é para mim, não é o meu lugar’. Por isso, [coordenadores], olhem. Convidem, façam conversas com as turmas. O estudante em vulnerabilidade social precisa de um olhar diferenciado”, sugeriu.
Rosane destacou ainda que, para muitos, uma bolsa em projeto de extensão pode ser a chance de que essa aluna ou aluno tenha uma renda que permita fazer atividades para além da sala de aula. Atualmente, são 3.061 bolsistas de ações afirmativas na graduação da UFPel e os projetos podem contribuir para melhorar a vida do estudante, que mesmo recebendo algum auxílio, como moradia, alimentação ou pré-escolar, precisa de recursos para medicamentos, higiene pessoal ou vestuário.
De acordo com ela, durante a pandemia mais de 83% dos beneficiários de auxílios moradia tinham algum familiar que perdeu o emprego. Em muitos casos, o próprio estudante precisou parar os estudos para entrar no mercado de trabalho e contribuir na renda familiar.
Para a integrante da Coordenação de Permanência da Prae, Rogéria Guttier, muitas vezes esse recurso vai fazer a diferença para que o estudante permaneça na UFPel e conclua a graduação. “Em um projeto de extensão, ele vai ter um aprendizado que muitas vezes supera o conteúdo. É uma questão de sobrevivência e qualificação”, resumiu.
Oportunidades
Atualmente, a Prec possui quatro editais abertos para selecionar projetos de extensão aos quais serão destinadas as bolsas. Os projetos devidamente cadastrados no sistema Cobalto podem concorrer nas categorias Ampla Concorrência, Ações Afirmativas, para Estudantes com Deficiência e/ou Necessidades Especiais e ainda Projetos Vinculados aos Cursos UAB (a distância). As modalidades foram apresentadas pela coordenadora de Extensão e Desenvolvimento Social, Ana Carolina Nogueira, que falou sobre importância do trabalho em conjunto com a Prae e os coordenadores para encontrar caminhos de qualificação do processo.
Os coordenadores trouxeram dúvidas e sugestões para contribuir com a questão. Dentre os encaminhamentos, a Prae irá elaborar uma listagem onde constarão os estudantes beneficiários por curso, de modo a auxiliar a unidade acadêmica a identificá-los e buscá-los. Da mesma forma, a Prae irá apresentar a esses estudantes a listagem dos projetos que forem selecionados nos editais, mostrando as oportunidades e orientando sobre as formas de se candidatar às bolsas.
Formação pela extensão
Ao saudar os participantes da reunião, o pró-reitor Eraldo Pinheiro salientou que a Prec atua na lógica de pensar a formação a partir dos projetos e programas de extensão. O gestor mencionou que a escassez de recursos financeiros e o afastamento de fomentos da iniciativa privada limitam a atuação da área. No entanto, destacou que a Pró-Reitoria vem fazendo movimentos em busca de fundos. Pinheiro listou programas em parceria com outras entidades e iniciativas com vistas à integralização da extensão, como oportunidade de aproximar coordenadores que têm projetos semelhantes, otimizando tempo e recursos.
Em sua fala inicial, ele também destacou a natureza da extensão em ultrapassar os muros da Universidade e trazer a comunidade para dentro da instituição, pontuando que a Prec está comprometida e dedicada ao reconhecimento da extensão na carreira dos servidores. Também mencionou a atenção às questões de sustentabilidade, tendo o cadastro no Cobalto a solicitação de indicação à qual Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) o projeto é vinculado. “A partir disso, podemos fazer busca de fomentos para diferentes áreas”, explicou. A Prec também está envolvida na proposta de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), para que contemple aplicação prática dos projetos de pesquisa. Pinheiro observou, ainda, que a Fundação de Apoio passou por reestruturação e está apta a receber recursos externos, lembrando aos coordenadores de iniciativas de fomento como as leis de Incentivo à Cultura e ao Esporte, projetos da iniciativa privada e de outras entidades onde recursos podem ser captados.