Plataformas e Tecnologias Digitais: Palestra aborda as competências necessárias à docência
Após o período de isolamento físico provocado pela pandemia de Covid-19 e a consequente implantação do ensino remoto emergencial, diversas indagações surgem para o momento de retorno à presencialidade e às reflexões sobre práticas e metodologias pertinentes à docência no atual contexto comunicacional. Para debater sobre esses temas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu na tarde de 15 de junho a pesquisadora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Eliane Schlemmer, para a roda de conversa “Plataformas e Tecnologias Digitais: Possibilidades e Limites para o Engajamento de Discentes e Docentes”.
A iniciativa, conforme o coordenador de Pedagogia Universitária da UFPel, Eduardo das Neves, busca repensar os processos educacionais a partir do aprendizado proporcionado pelo Ensino Remoto Emergencial: “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigma. Podemos utilizar o que já aprendemos no momento de crise para pensarmos a educação de um ponto de vista geral e global”, reflete. O evento, realizado no auditório Elio Paulo Zonta, na Reitoria da UFPel, e transmitido pela plataforma Youtube, foi organizado pelo Núcleo de Políticas de Educação a Distância (Nuped), da Pró-Reitoria de Ensino (PRE).
A pesquisadora Eliane Schlemmer, coordenadora do Grupo de pesquisa Educação Digital da Unisinos, apresentou, a partir de suas experiências no magistério, o histórico do pensamento educacional quando tensionado pela introdução de recursos da microinformática, desde os primeiros questionamentos sobre como seria a educação, à época, com a introdução de computadores nas escolas.
Educação para o tempo presente
Para situar o tempo presente, a pesquisadora adota os conceitos, entre outros, o de “datificação”, de Cosimo Accoto: “tudo aquilo é átomo também passa a ser informação. É o mundo de dados”, explica. Essa característica, de correspondência entre física e o digital (bits), vincula-se ao movimento de expansão das redes. Inicialmente, expõe, as redes conectavam apenas computadores, para, então, passar às interações entre pessoas (chamada Web 2.0) e, após, ao sistema de recomendações/algoritmos (Web 3.0). Mais recentemente, surge a “Internet das Coisas”, quando a rede passa a abranger “tudo o que existe no planeta” e ampliar a capacidade sensorial humana.
Conjuntamente, esses processos, considera a pesquisadora, fazem com que a realidade seja cada vez mais hiperconectada. “Hoje a gente vive um processo de hibridização do mundo físico, do mundo biológico e do mundo digital. A gente viu isso muito claramente com a pandemia”, considera. A autora trabalha com o conceito de “educação onlife”, em referência à conectividade (“on”) e à vida (“life”): “é uma educação conectada às problematizações do tempo presente”, define.
Anteriormente, o ensino-aprendizagem era situado nos espaços escolares. Com a pandemia, houve um processo de transposição de metodologias e práticas do físico para o on-line. A adoção de instrumentos híbridos, aulas simultâneas presenciais e on-line, apareceu como possibilidade a partir das medidas de flexibilização ao isolamento físico. Essa estratégia propunha um modelo com a divisão ou mistura de metodologias. “Vem uma tecnologia nova, a gente pega o que a gente sabe, aí a gente começa a ver que existem outras possibilidades”, sintetiza.