Gestão da UFPel apresenta à comunidade os impactos dos cortes orçamentários
Em transmissão ao vivo ao final da tarde de quinta-feira (2), representantes da administração central da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) detalharam à comunidade os impactos esperados após o recente corte orçamentário, de 14,5%, imposto às Instituições Federais de Ensino Superior. Para a realidade da UFPel, são sentidos prejuízos sucessivos, na ordem de R$ 16 milhões, considerando a inflação e a necessidade de reajustes contratuais. Esse quadro, caso não revertido, impossibilitará, a partir de setembro, o pagamento das despesas já assumidas pela Instituição.
A exposição acerca do quadro orçamentário, transmitida pelos canais institucionais no Youtube e no Facebook, buscou, conforme a reitora da UFPel, Isabela Andrade, dar visibilidade pública à situação enfrentada pelas Instituições Federais de Ensino e sanar dúvidas da comunidade e de profissionais de imprensa. Também representaram a Instituição o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Paulo Ferreira, e o superintendente de Orçamento e Gestão de Recursos, Denis Franco.
Os dados, exibidos em gráficos, demonstram que, em 2021, a Universidade terminou o ano com défice de 21%, em razão dos cortes orçamentários daquele período. O novo bloqueio, operacionalizado em 27 de maio (anunciado em 30/5, após decreto presidencial), intensificou o cenário em cerca de R$ 9 milhões. Ao todo, a perda orçamentária acumulada da Instituição é de aproximadamente R$ 16 milhões, com reajustes e inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE). “O que isso ocasiona? A partir de setembro, a gente não tem condições de honrar as despesas já assumidas pela Universidade”, explicou a reitora.
Bloqueio em números
O orçamento da UFPel para custeio (gastos com manutenção dos serviços) passou de mais de R$ 74 milhões, em 2019, para R$ 58 milhões em 2021. Com a realização de atividades remotas e outras estratégias de gestão durante a pandemia, a Universidade, segundo o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, reduziu a lacuna financeira de 2021 para R$ 5,29 milhões. “Com ensino remoto [emergencial], economia de energia e outras [medidas] nessa linha a gente acabou transformando 15 [milhões de reais] de deficit, em 5 [milhões]”, demonstrou.
A expectativa era de que, com o mesmo orçamento de 2019, inalterado apesar da inflação, a Universidade conseguisse terminar 2022 com saldo favorável, mediante as estratégias de redução de gastos e o contexto de ensino remoto emergencial no primeiro semestre. No entanto, o novo bloqueio, de R$ 9,3 milhões, inviabilizou essa perspectiva, “Esses cortes têm se repetido. A gente está começando a arrastar esse deficit e a situação, portanto, se torna dramática”, lamentou o pró-reitor, ao salientar que, com a correção pela inflação do orçamento de 2019, a Universidade faria jus a cerca de R$ 89 milhões em 2022.
Incapacidade de Investimento
A série histórica apresentada pela gestão central da UFPel revela que a Instituição, no período de 2017 a 2022, passou por redução expressiva do orçamento de capital: a capacidade de adquirir equipamentos e aplicar recursos em obras. De 10,8 milhões em 2017, a UFPel chegou a cerca de 517 mil em 2022, após o corte de 27 de maio. Esse valor, entretanto, já foi comprometido (empenhado) em 2022. “Hoje o nosso saldo é zero no nosso orçamento de investimento. Não podemos adquirir um computador sequer”, exemplificou Paulo Ferreira.