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Discoteca da UFPel ganha novo espaço e recebe nome de L. C. Vinholes

discotecaFoi inaugurado nesta quarta-feira(29), no Centro de Artes da UFPel, o novo espaço físico da Discoteca da UFPel, que passou a se chamar oficialmente Discoteca L.C. Vinholes. A cerimônia irá contou com a apresentação de uma das obras do compositor homenageado, executada por alunos dos cursos de música.
Com um acervo que conta com cerca de 20 mil discos, a discoteca é um projeto de iniciativa do professor do Centro de Artes, Mário de Souza Maia. Os itens que compõe a coleção são de doações, sendo a maior parte proveniente da Bibliotheca Pública Pelotense e da rádio Federal FM. Além de vinis, há centenas de obras em outras mídias como CDs, fitas magnéticas e K7s. O professor, no entanto, reforça a grande importância das doações menores feitas por pessoas, que dão a riqueza para a variedade do acervo.

discoAté o mês de julho deste ano a discoteca ficava localizada na sala 305 do Centro de Artes, em um espaço físico muito limitado para seu volumoso acervo. Após a construção do novo prédio do Centro de Artes, a discoteca começou a ser realocada para as salas 303 e 304 do mesmo prédio. Além de servir como sede para a discoteca, as novas instalações também estão sendo utilizadas para ministrar as cadeiras de Musicologia e Etnomusicologia.

Homenagem a um compositor pioneiro

O professor Mário Maia conta que há um bom tempo planejava batizar a discoteca com o nome do compositor Luiz Carlos Vinholes, no entanto, a falta de um espaço físico mais adequado acabou adiando a ideia. Compositor, reconhecido por ser pioneiro na música aleatória no Brasil, L.C. Vinholes sempre se manteve muito atuante na área cultural, tendo sido um grande divulgador da cultura brasileira em outros países, sobre tudo no Japão, onde residiu por vários anos.

No ano de 1957, Vinholes foi contemplado com uma bolsa de estudos do Ministério da Educação do Japão. Após o término dos estudos, continuou residindo no Japão, onde desenvolveu pesquisas sobre música chinesa, coreana e japonesa, tendo se apresentado com frequência em conferências e simpósios internacionais. Também foi responsável por introduzir alguns aspectos da cultura brasileira na “Terra do Sol Nascente”, chegou a apresentar um programa de rádio, fazendo com que a recém surgida Bossa Nova chegasse aos ouvintes japoneses. Vinholes ocupou os cargos de encarregado do Setor Cultural da Embaixada Brasileira e adido cultural em Tóquio, onde,  a partir de 1961, desenvolveu intenso trabalho de divulgador da música brasileira. Foi idealizador e promotor das primeiras cidades-irmãs entre o Brasil e o Japão: Pelotas/Suzo (1962) e Porto Alegre/Kanazawa (1965). Ainda no Ministério das Relações Exteriores, o compositor trabalhou no Paraguai, Canadá e Itália.

O professor Mário Maia começou a ter uma relação mais próxima com o compositor, quando na década de 1990 decidiu buscar na obra de L.C. Vinholes o tema para sua dissertação de mestrado em História, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Em 1951, o compositor John Cage – influenciado pela dadaísmo e pela filosofia zen – compôs “Music Changes” e “Imaginary Landscape nº4”,  propondo pela primeira vez a utilização do acaso e da indeterminação. A composição “Instruções 61” de Vinholes é considerada a primeira música aleatória de um compositor brasileiro. Este fato foi o mote inicial da pesquisa de Maia, que logo percebeu as multifacetas da atuação de L.C. Vinholes.

O compositor fez importantes doações para o acervo da Discoteca, como exemplo vários instrumentos folclóricos vindos de vários países. Mas o professor Mário Maia reforça que a escolha do nome de Vinholes para batizar a Discoteca é na intenção de que cada vez mais pelotenses busquem saber a importância que um conterrâneo possui dentro da música e da cultura em geral.

Publicado em 31/10/2014, na categoria Notícias.