O Brasil dentro do cenário mundial:
O Brasil se encontra no 118° dia da epidemia após o 100° caso e não apresenta atenuação no seu crescimento.
No Brasil:
- confirmados: 1.755.779 (258.921 novos em 7 dias)
- óbitos: 69.184 (7.300 novos em 7 dias)
- recuperados: 1.054.043 (201.227 novos em 7 dias)
- casos ativos: 632.552 (50.394 novos em 7 dias)
No Mundo:
- confirmados: 12.478.294 (1.444.248 novos em 7 dias)
- óbitos: 559.143 (33.987 novos em 7 dias)
- recuperados: 7.271.577 (1.084.708 novos em 7 dias)
- casos ativos: 4.647.574 (325.553 novos em 7 dias)
Para analisar a evolução da pandemia de COVID-19 no mundo, são apresentadas curvas de casos confirmados e óbitos diários em função do tempo. Nos gráficos são apresentadas as curvas de tendência com a média móvel de 7 dias para 30 países, considerando os 20 países com o maior número de casos confirmados e países da América Latina ou que já foram acompanhados por esta pesquisa. A epidemia estará controlada se o número de casos diários chegar a zero. Chama a atenção que alguns países que tiveram diminuição nos casos diários, voltaram a apresentar um crescimento depois de um período, indicando uma possível segunda onda de infecções (mais visível no gráfico dos Estados Unidos e do Irã para os casos confirmados).
Dentre os países selecionados, os números gerais acumulados do Brasil são inferiores somente aos dos Estados Unidos em todas as categorias. A curva de casos confirmados segue em ascendência. Já a curva com o número de óbitos segue estável, em um platô nas últimas 4 semanas, tendo em torno de 1000 óbitos por dia neste período. Tem-se uma letalidade aparente de 3,9% (proporção entre o número de óbitos por COVID-19 e o nº total de casos confirmados). Na última semana o Brasil teve uma média de 36.989 infectados (1.403 casos a menos que na semana anterior) e 1.043 óbitos por dia (55 a mais que na semana anterior). Analisando os valores por 1 milhão da população, temos uma incidência de 8.355 casos confirmados e mortalidade de 329. Ainda, é importante dizer que, considerando os casos recuperados e ativos, o Brasil possui atualmente mais pessoas recuperadas do que com a doença.
Na tabela abaixo, são apresentadas as taxas de infecção e fatalidade no mundo, dando um panorama da epidemia. São apresentados os casos confirmados (confirmed cases), mortes (death), a porcentagem de casos que foram a óbito (% cases who have died), os casos por milhão da população (cases per million people), e óbitos por milhão (death per million people), para os 20 países que lideram cada categoria no dia de hoje. Pode-se verificar que os Estados Unidos, Brasil, Índia e Rússia são os países com o maior número de infectados por COVID-19, respectivamente (Índia ultrapassou a Rússia na última semana). Se analisarmos os casos por milhão da população, este ranking segue sendo de Chile, Peru, Estados Unidos e Brasil (manteve a posição nesta semana). Analisando o número de mortes, Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e Itália tem os maiores valores. Já nas mortes por milhão de habitantes, Bélgica, Reino Unido, Espanha e Itália seguem liderando os números, sendo que o Brasil segue em 11° (manteve a posição nas 2 últimas semanas). OBS.: Os valores numéricos podem variar entre as fontes e os horários consultados.
Um panorama completo da epidemia no mundo e na América Latina e Caribe, para casos confirmados, óbitos, e casos por milhão, pode ser acessado em https://blogs.iadb.org/brasil/pt-br/a-propagacao-do-novo-coronavirus-fora-da-china/. No blog são disponibilizados gráficos em forma de vídeo, utilizando os dados da Universidade John Hopkins.
O RS dentro do cenário brasileiro:
Analisando todos os estados da federação, considerando o dado acumulado, SP, CE, RJ e PA possuem o maior número de casos confirmados e SP, RJ, CE e PE o maior número de óbitos. Analisando os casos por 100.000 habitantes estes rankings de incidência passam a ser de AP, RR, DF e AM e de mortalidade para CE, AM, RR e RJ. Os valores por estado podem ser encontrados em https://covid.saude.gov.br/ e https://susanalitico.saude.gov.br/.
Embora como um todo, o Brasil esteja tendo uma estabilidade no número de óbitos desde o dia 23/05, o mesmo não acontece dentro dos seus estados. O Brasil é um país continental como o Brasil, e sendo assim enfrenta diversas epidemias ao mesmo tempo. Levando em conta a média de mortes nos últimos 7 dias, em relação à média registrada duas semanas atrás, tem-se que estes números estão subindo em PR, RS, SC, MG, DF, GO, PI e RN, estão em estabilidade em SP, AM, RR, TO, AL, BA, CE, MA, PB, PE e SE, e estão em queda nos estados de ES, RJ, AC, AP e PA (https://g1.globo.com/coronavirus/).
A região Sul possui aproximadamente 30 milhões de habitantes. Dentre as 5 regiões do país é a que possui menos casos confirmados (valor acumulado de 112.266, 379 casos por 100.000 habitantes) e o menor número de óbitos por COVID-19 (valor acumulado de 2.248 óbitos,8 casos por 100.000 habitantes).
Dentre os 3 estados da região Sul, o PR apresenta o maior número de óbitos por 100.000 habitantes, 8,14, seguido do RS com 7,65 e SC com 6,24. Para os casos confirmados, na região Sul, temos que a incidência em SC é de 536,07, no PR é de 327,31 e no RS é de 320,24 casos por 100.000 habitantes.
No gráfico a seguir, apresenta-se a evolução do COVID-19 para o Brasil e 14 estados, a partir do 100° caso. Dentre estes estados, a região Sul tem as trajetórias menos intensas conforme pode ser melhor visualizado no zoom da figura. O Paraná ultrapassou a trajetória de RS e SC.
Na figura a seguir tem-se os gráficos da evolução da epidemia no Brasil e no RS, tanto para o número de infectados quanto para o de óbitos diários.
Na última semana, o RS teve em média 1.034 novos casos de COVID-19 por dia, totalizando 36.434 casos confirmados (7.239 novos casos em 7 dias), apresentando uma taxa de crescimento diário médio de 2,9% nos últimos 5 dias. Um total de 870 pessoas já perderam a vida para a doença no estado (média de 30 casos por dia e aumento de 207 novos óbitos em 7 dias), apresentando uma taxa de letalidade aparente de 2,4%. Do total de casos confirmados, o equivalente a 85% já é considerado curado (31.031) e 12% são casos ativos (4.533). Nos últimos 14 dias o estado teve um forte avanço nos números. Conforme o Comitê de dados do RS, este nível de propagação levou países europeus a implementarem medidas restritivas para conter o avanço da epidemia (https://planejamento.rs.gov.br/comite-de-dados).
Com o aumento do número de casos confirmados e de suspeitos de COVID-19, o sistema de saúde do RS tem acompanhado um aumento no número de ocupação dos leitos de UTI. Algumas regiões do estado estão chegando a níveis críticos de ocupação de leitos. Hoje, aproximadamente 73,2% destes leitos estão ocupados. Hoje, temos 2239 leitos de UTI no estado (são 1638 leitos ocupados e 601 livres, destes 1638 ocupados tem-se 135 suspeitos e 502 confirmados com COVID-19), com um aumento de 56 leitos em relação à última sexta-feira (aumento de 530 leitos desde o dia 13/5). As barras vermelhas sinalizam o aumento da utilização de leitos de UTI por casos confirmados de COVID-19.
Abaixo seguem os gráficos do Brasil, RS e de 19 cidades gaúchas que possuem mais de 100.000 habitantes. No total são 430 municípios do RS que possuem casos confirmados de COVID-19 (87% dos 497 municípios, 21 municípios a mais que na última sexta-feira).
São apresentadas projeções até o dia 20 de julho. No modelo matemático SIR, foi considerada uma taxa média de reprodução R0 que variou de 1. a 1.5 (uma vez que a epidemia está mais agressiva em alguns locais) e um período de infecção de 5.2 dias. Os dados utilizados são por data de notificação e obtidos no site do Ministério da Saúde do Brasil e na Secretaria da Saúde do estado (SES RS).
Se a taxa de crescimento seguir como está, estima-se que até o dia 20 de julho, o BR atingirá a marca de 2.200.000 infectados, que o RS terá em torno de 48.000 infectados e que Pelotas atinja 500 casos confirmados de COVID-19.
Conforme pode-se perceber, a epidemia segue crescendo no Brasil. No momento a única forma de controlarmos a epidemia é aumentando o distanciamento físico e consequentemente, baixando a taxa de reprodução do vírus.
Na sequência é apresentado o gráfico do número de reprodução diário (Rt) para o RS e Pelotas. Foram considerados os dados de casos confirmados por data de notificação (https://covid.saude.gov.br/). Na última semana (27ª) o estado teve um Rt=1,09, com um índice de confiança de 95% variando entre 1,06 e 1,13. Já Pelotas teve um Rt=1,15, com um índice de confiança de 95% variando entre 0,89 e 1,55. Cabe lembrar que para o cálculo dos valores de Rt, o modelo leva em conta a incidência de casos notificados (Thompson et al., 2019). Estes valores podem modificar dependendo do conjunto de dados, do intervalo de tempo e do método utilizado para os cálculos.
Abaixo seguem gráficos que representam a variação do índice de isolamento social durante a pandemia (https://www.inloco.com.br/covid-19). No dia 8/7 o BR teve 38,8% de distanciamento social, e o RS teve 41,9%. No mesmo dia, o isolamento social na cidade de Pelotas foi de 49%, um valor superior à média do país e do estado (https://www.ime.usp.br/~pedrosp/covid19/). Na sequência, são apresentados os dados do Google mobilidade (https://www.google.com/covid19/mobility/, relatório de 3/7) para o RS. Os Relatórios de mobilidade têm como objetivo fornecer informações sobre o que mudou em função das políticas criadas para enfrentar a COVID-19.
Este estudo tem finalidade puramente acadêmica e científica, mostrando a grande aplicabilidade da modelagem matemática em problemas reais. As discussões, opiniões, ideias e publicações geradas a partir dos resultados do modelo utilizado são de autoria dos respectivos autores, e não necessariamente representam aquelas das instituições a que estes pertencem. Detalhes da pesquisa podem ser consultados na página do laboratório do Grupo de Dispersão de Poluentes & Engenharia Nuclear (GDISPEN): https://wp.ufpel.edu.br/fentransporte/.
* Os dados da epidemia foram consultados antes das 14h do dia 10.07 nas redes sociais e nos sites do Ministério da Saúde do Brasil e da Secretaria da Saúde do RS, da Universidade John Hopkins, da Fiocruz, da plataforma P2k do DMS da UFPel, do Worldometeres, do Our World in Data, Information is Beautiful e outros. Os dados podem divergir de acordo com a fonte consultada.