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Comitê UFPel Covid-19 recomenda aumento imediato de medidas de isolamento social

Nota técnica

Recomendação de aumento imediato de medidas de isolamento social frente ao esgotamento da capacidade hospitalar em Pelotas e região

Pelotas, 14 de agosto de 2020

Neste momento, Pelotas enfrenta o colapso do sistema de saúde. Na terça-feira (12/08) todos os leitos de UTI para adultos foram ocupados, e pacientes com indicação para internação em UTI tiveram que permanecer em atendimento no Hospital Universitário, na UPA ou no Pronto Socorro de Pelotas. Na quinta-feira (13/08), em comunicação oficial da Prefeitura Municipal de Pelotas, foi anunciado novamente a ocupação de 100% dos leitos de UTI. No mesmo pronunciamento foi informado que, no próximo sábado (15/08), mais dez leitos de UTI estarão disponíveis em Pelotas. Embora esta expansão seja extremamente importante, como o município enfrenta a aceleração da curva de contágio, estima-se que essa ampliação será insuficiente para atender a demanda de Pelotas e região.

A única estratégia para desacelerar a progressão da COVID-19 em nosso município é a implementação de medidas que aumentem os níveis de isolamento social. A Prefeitura Municipal promoveu a ampliação de medidas restritivas de circulação por dois dias e meio, denominado lockdown. O isolamento social no domingo, dia 09/08, durante o lockdown em Pelotas, foi expressivo, alcançando 78%. Entretanto, a queda desse índice ainda durante o período de maior restrição foi rápida tendo atingido 66% na segunda-feira, dia 10/08 e 49% na terça-feira, dia 11/08. Na quarta-feira, dia 12/08, o isolamento social foi de somente 40%. Além disso, nos dias que antecederam o lockdown, houve redução do isolamento social variando entre 37% e 40% no período entre 03 e 07/08. Este é um efeito preocupante, que demonstra uma desvantagem da implementação de medidas restritivas de curta duração,
reduzindo o seu impacto na contenção da progressão da COVID-19.

O isolamento social obtido no domingo, dia 09/08, demonstra que é possível implementar medidas restritivas capazes de interromper a aceleração da curva epidêmica. Porém, como se observa nos demais dias da semana passada, atitudes voluntárias têm obtido níveis de isolamento social em torno de 40%, com pouca variação nos momentos de bandeira laranja ou vermelha do distanciamento controlado do Rio Grande do Sul. Isto ocorre porque, na ausência de normatização de lockdown, a população, em especial a mais vulnerável, não alcança o direito ao isolamento social.

Para interromper a aceleração da propagação do vírus, é necessário manter níveis de isolamento social superiores a 60%. Assim, o comitê recomenda a tomada de medidas mais restritivas capazes de elevar esse índice para acima de 70% por um período de três semanas, pois o isolamento social vigente é insuficiente para enfrentar o colapso do sistema municipal de saúde. Como o impacto do isolamento social é maior no início da aceleração da curva epidêmica, cada dia de atraso na implementação dessas ações reduz seu efeito. Além disso, é importante assinalar que os efeitos das medidas de isolamento social levam duas semanas para terem efeito.

Não é justo solicitar isolamento voluntário para a população sem dar as condições normativas para que isso aconteça. Nada pode ser pior para a economia que o colapso do sistema de saúde. O enfrentamento da pandemia necessita de medidas de isolamento social e medidas de proteção social.

COMITÊ INTERNO PARA ACOMPANHAMENTO DA EVOLUÇÃO DA PANDEMIA DA COVID-19 – UFPEL

 

Nota técnica COMITE UFPEL COVID 14082020

 

Publicado em 14/08/2020, na categoria Notícias.
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