Pesquisas sobre impactos de mudanças climáticas na agricultura são foco de novos equipamentos
Na manhã da última sexta-feira (20), foram inaugurados, nas dependências do Campus Capão do Leão, dois novos equipamentos que potencializarão as pesquisas sobre impactos das mudanças climáticas no crescimento de vegetais. As novas estruturas são ligadas ao grupo de pesquisa Polo de Adaptação de Cultivos às Mudanças Climáticas (Poloclima), que envolve pesquisadores de diversos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Pelotas e obteve grau de excelência na última avaliação da Capes.
Ambos os aparelhos foram adquiridos pela UFPel por meio do edital CT-INFRA e chegam ao seu uso final nove anos após a aprovação da proposta.
Identificação de compostos
O Cromatógrafo de Massas de Alta Resolução foi o primeiro dos aparelhos inaugurados na ocasião. Ele foi instalado no Laboratório de Dinâmica de Herbicidas. Segundo o líder do Poloclima, professor Luis Ávila, esse equipamento de alta performance é o melhor do sul do Brasil para quantificação e determinação de compostos. “Ele tem uma capacidade analítica de alta qualidade”, diz.
Ávila explica que todos os compostos têm como uma digital, que não se repete: o cromatógrafo é capaz de identificar qual seria esse elemento, mesmo a partir de baixas quantidades disponíveis. Essa capacidade pode servir a diversos grupos de pesquisa, dada a vasta gama de possibilidades abertas pelo aparelho.
Com investimento de R$ 1,3 milhão, o cromatógrafo também exigirá um gasto anual de manutenção estimado em R$ 100 mil. No entanto, isso é visto como investimento na geração de conhecimento por parte da Universidade: “Estaremos fazendo pesquisa na zona de fronteira do conhecimento”, afirma o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Flávio Demarco, presente na inauguração.
O reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, diz estar muito feliz com a inauguração do equipamento: “Digo que estou feliz enquanto reitor, mas também enquanto pesquisador, aquele que vibra quando chega o equipamento que vai ajudar a realizar o trabalho cotidiano”. Hallal ressalta que os benefícios serão usufruídos pelos membros da comunidade acadêmica da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, onde está localizado o aparelho, mas, da mesma forma, por pesquisadores de outras unidades e instituições: “Queremos colocar em linha laboratórios multiusuários”, pontua, ao citar que as parcerias devem ser estendidas a grupos de pesquisa da Universidade Federal de Rio Grande ou do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, por exemplo.
Chamado Câmara de Crescimento em Atmosfera Controlada, mas também conhecido por Fitotron, o outro equipamento inaugurado é um simulador de ambiente de crescimento de vegetais. Com a câmara, é possível manter controlados fatores como temperatura, nível de dióxido de carbono (CO2), luminosidade e umidade relativa do ar.
De acordo com o professor Luis Ávila, o Fitotron é um equipamento muito versátil: “Permite que seja cultivada qualquer planta”. Sua atribuição básica é para pesquisas relacionadas ao crescimento de plantas. No entanto, no contexto do grupo de pesquisa, o foco será como se dá tal desenvolvimento em um contexto de mudanças climáticas. “O nível de CO2 é sinal do aquecimento global e qualquer alteração nesse nível altera o funcionamento da planta”, explica Ávila, ao apontar a funcionalidade do equipamento que controla essa variável.
As pesquisas nesse âmbito poderão ser potencializadas a partir da inauguração, visto que, com o novo Fitotron, há 12 metros quadrados disponíveis para cultivo, divididos em três câmaras independentes; anteriormente a unidade dispunha de aparelho semelhante, mas com área de apenas 0,8 m²: ou seja, a Universidade contará com um espaço 15 vezes maior para experimentos desse tipo.