Estudantes e egressos do curso de Teatro recebem Prêmio Trajetórias Culturais
Dois alunos e três egressos do curso de Teatro – Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) conquistaram o Prêmio Trajetórias Culturais Mestra Sirley Amaro. Os estudantes Karolina da Rosa Mendes e Naylson Rodrigues Costa, juntamente com os licenciados Gabriel Almeida Nogueira, Felipe Cremonini de Leon e Roberta Bandeira Alves, tiveram suas trajetórias reconhecidas pela honraria, que é promovida pela Secretaria de Estado da Cultura (SEDAC-RS) em parceria com o Instituto Trocando Ideia, por meio dos recursos previstos na Lei Aldir Blanc.
O Prêmio recentemente reconheceu 1,5 mil trajetórias de fazedoras/es dos diversos segmentos culturais que transformam a vida com a sua arte e cultura nas diferentes comunidades do Estado do Rio Grande do Sul. Em Pelotas, 75 trajetórias foram premiadas em diversos segmentos da cultura.
O Prêmio tem como homenageada a Mestra Griô Sirley Amaro, ou Dona Sirley, como era mais conhecida, nascida em Pelotas em 12 de janeiro de 1936, descendente de escravizados, carnavalesca e costureira de profissão. Foi educadora ao descobrir a arte de contar histórias, por meio das próprias histórias e dos seus antepassados, na reconstituição dos saberes aprendidos nas vivências cotidianas. Contava histórias dos bailes de carnaval, das costuras, das antigas charqueadas em Pelotas (RS). (Saiba mais abaixo).
Quem são
Karol Mendes
Nascida em Sant’Ana do Livramento e criada em Pelotas, Karol Mendes é atriz, bailarina, dramaturgista, professora de teatro e pesquisadora na área teatral. Perto de concluir a graduação em Teatro – Licenciatura na UFPel, Karol, hoje com 25 anos e atuante desde os sete, tem passagem em cerca de 30 espetáculos e experimentos cênicos de teatro e dança, três curtas-metragens (como atriz e assistente de direção) e inúmeras comissões de frente de escolas de samba em diversas cidades do RS (como atriz, dramaturgista, bailarina e coreógrafa). Realizou apresentações artísticas e palestras sobre cultura afro em solo nacional e internacional. Como professora, Karol esteve envolvida em projetos voluntários ministrando aulas de teatro em comunidades carentes de Pelotas e Capão do Leão, trabalhando em prol do desenvolvimento artístico, social e intelectual e reforçando a autoestima de crianças e jovens de oito a 18 anos.
Nay Costa
Nay Costa (@bl4cknay) é multiartista, graduando do curso de Teatro Licenciatura da UFPel. Inicia sua trajetória em 2007 e durante todo o percurso tem exercido um trabalho importante, por ser uma voz de um corpo preto e marginalizado que emerge da comunidade, por ser um agente cultural que cria espaços para que por meio da arte surjam questionamentos, dúvidas, respostas, atravessamentos e transformações e também por ser um artista que tem construído trabalhos que refletem o meio que vive, através do seu olhar sensível e crítico. Vem trazendo para cena o seu corpo preto e periférico como instrumento para a criação de estratégias que promovam diálogos e denúncias sobre o racismo estrutural e o preconceito a corpos LGBTQIA+.
Gabriel Almeida Nogueira
Gabriel Almeida Nogueira é licenciado em Teatro pela UFPel em 2015. Trabalha na Escola de Educação Infantil Upiá, onde ministra oficinas de Contação de Histórias. Bolsista voluntário do programa “Fronteiras da Diversidade: extensão, inclusão e formação crítica para a cidadania”, projeto de extensão da UFPel. Desde março de 2012, faz parte do grupo Teatro Down. Atua como voluntário no grupo de teatro da Associação de Pais do Down em Pelotas (APADPEL). Participa desde 2005 no GRUPO DOWNDANÇA do Projeto Carinho – Extensão Universitária da ESEF/UFPel. Atuou como ator no filme “Citydown, a História de um Diferente”. Direção técnica e filmagem: CINEPEL – Associação Pelotense de Cinema. Direção: José Mattos e Paulo César Nogueira, 2010. Atualmente integra a Camerata Negrinho Martins e o coletivo cultural Estação 277.
Felipe Cremonini
Felipe Cremonini é ator, professor e pesquisador na área do teatro e audiovisual. Iniciou sua trajetória na Cia. P com P de Teatro, em Sant’ana do Livramento-RS em 2013. Em 2015 ingressou na UFPel, onde se formou em Licenciatura em Teatro e participou da Cia. Ubuntu de Teatro. Participou de eventos como a Mostra Binacional de Teatro – Mucha Merde, Festival de Cinema de Gramado, Feira do Livro de Pelotas, entre outros. Foi preparador de elenco em obras como o curta-metragem Bicha Camelô (2017) e o EP visual ESTESIA (2020). Realiza pesquisas, trabalhos e oficinas acerca das relações entre o audiovisual e a linguagem teatral. Atualmente é mestrando em artes cênicas na UFRGS.
Roberta Selva
Roberta Selva é artista das Artes da Cena e arte-educadora e também atua como produtora cultural. É idealizadora do TEATRUA – Festival de Teatro de Rua de Pelotas. É graduada em Teatro pela UFPel.
A homenageada – Mestra Sirley Amaro
Em 2007, recebeu o título de Griô de Tradição Oral por meio da Ação Griô Nacional, do Programa Cultura Viva (Ministério da Cultura). As contações de histórias eram compostas por diversos elementos: a música, a dança, o estandarte, as fotografias, os cartões, as bonecas e os fuxicos produzidos por ela. Eram elementos articuladores nas suas experiências e reflexões para as narrativas da “Vivência griô” que se apoiam na cultura africana e fundamentam a resistência das contações de história na oralidade e nas formas de visibilizar saberes de uma tradição histórica e oral.
Nas suas narrativas a Mestra trazia as formas de resistências, lutas, reivindicações de direitos e a discriminação de gênero, raça e classe com histórias do seu cotidiano desde menina, passando pela mocidade e a vida de casada. Dona Sirley envolvia seus convidados na contação, convidando-os a encenar algumas histórias.
Ela também não cantava sozinha e nessa interação com a griô os ouvintes vivenciavam e sentiam as histórias. Alegrias, tristezas, combinações, sentimentos ganhavam vida através das contações, da dança e do canto entre a Mestra e a relação que se estabelecia com os ouvintes.
Sirley Amaro por onde passou cativou muitas pessoas com suas histórias, músicas, versos e brincadeiras. Foi a memória viva da história do povo negro de Pelotas.