Mundo UFPel aproxima a Universidade da comunidade
Nesta quarta-feira (24), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sediou o evento “Mundo UFPel”, que abriu as portas da instituição à comunidade com o objetivo de despertar o interesse pelos cursos e projetos desenvolvidos. Ao longo do dia, cerca de 100 cursos apresentaram iniciativas de ensino, pesquisa e extensão em seus respectivos campi, mostrando como a Universidade se conecta à realidade da população.
Diferentemente da Mostra de Cursos, voltada principalmente a estudantes do Ensino Médio, o Mundo UFPel busca atrair pessoas de todas as idades, de crianças a adultos. O objetivo é tornar a escolha da graduação mais próxima e agradável, revelando práticas cotidianas da Universidade.
A estudante da Escola Freinet de Pelotas, Amanda da Costa, de 14 anos, contou que se surpreendeu com a diversidade de possibilidades. “Eu acabei me interessando por vários cursos que eu nem imaginava como eram. Foi bem legal, porque consegui ter uma ideia para ver em qual eu vou me adaptar mais. Eu achei bastante legal o Jornalismo e também a Veterinária”, disse.
Ciência e prevenção contra enchentes
No Campus Capão do Leão, o Programa de Pós-Graduação em Modelagem Matemática, apresentou uma maquete que ilustra como acontece uma inundação. A atividade foi coordenada pelos professores Régis Quadros e Daniela Buske, a iniciativa exemplifica como pode ser realizado o planejamento de ações preventivas, especialmente após a crise climática enfrentada em Pelotas no ano passado.
Segundo o professor Régis Quadros, o projeto mostra como diferentes áreas do conhecimento se complementam em benefício da comunidade. “É o curso de Matemática, mas não é só a matemática. O trabalho envolve os cursos de pós-graduação em Modelagem Matemática, Meteorologia, Ciências Ambientais e Recursos Hídricos e tem um papel fundamental para o território, ajudando no planejamento das cidades diante das inundações”, explicou.
Assistência aos animais em situações de crise
Assim como nas enchentes de 2024, em que a população precisou de atendimentos emergenciais, os animais também estiveram entre os mais afetados. O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Medicina de Equinos (ClinEq) mostrou como a UFPel atua em situações de emergência e no atendimento direto à comunidade. Coordenado pela professora Bruna Curcio, em parceria com os professores Charles Martins e Vitória Muller, o setor funciona principalmente no Hospital Veterinário da Universidade.
Durante o período das enchentes, o grupo atuou tanto no abrigo instalado no campus da Associação Rural de Pelotas, em conjunto com a Prefeitura de Pelotas, quanto no hospital, garantindo cuidados clínicos, cirúrgicos e obstétricos aos animais atingidos. Em 2025, a equipe também participou de uma ação de saúde animal na periferia de Pelotas, reforçando o vínculo entre Universidade e comunidade.
Além da assistência emergencial, o ClinEq mantém atividades permanentes, como atendimentos ambulatoriais a animais de carroceiros e charreteiros, pesquisas de pós-graduação e práticas de ensino com modelos anatômicos.
A professora Bruna destacou a amplitude das ações realizadas. “A gente trabalha com tudo, atendimento clínico, cirúrgico, obstétrico, neonatal, acompanhamento de exames complementares, como raio-X e ultrassom. Tudo isso se transforma no nosso dia a dia, envolvendo alunos de graduação e pós-graduação em experiências que unem pesquisa, extensão e serviço à comunidade”, destacou.
O grupo também obteve reconhecimento nacional, com a apresentação de um caso clínico premiado em congresso que reuniu mais de 300 trabalhos, consolidando o papel do setor na formação acadêmica e na produção científica em Medicina Veterinária.
Aprendizado com ciência e diversão
O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Clínica de Pequenos Animais (ClinPet) mostrou como a ciência pode ser traduzida de maneira lúdica e acessível para a comunidade. A proposta, coordenada por professores e estudantes de graduação e pós-graduação, foi apresentada pela doutoranda Tatielen Severo, que destacou a importância de despertar a curiosidade do público para, em seguida, transmitir informações relevantes.
A ação foi organizada em três mesas interativas. A primeira, de acolhimento, utilizava pelúcias, folders informativos e até instrumentais cirúrgicos como forma de aproximar as pessoas do universo veterinário. Na segunda, o grupo levou um verme utilizado em pesquisas como substituto de outros animais de laboratório, exibindo-o em plaquinhas de cultivo e no microscópio. A proposta chamava a atenção pela novidade e criava espaço para explicar seu uso em estudos que buscam alternativas éticas para a ciência.
Na terceira mesa, foi montado um cenário imersivo que simulava um ambiente de clínica, permitindo que visitantes, especialmente crianças e jovens interessados em seguir carreira, pudessem interagir, tirar fotos e se sentir parte da rotina de um médico veterinário. Além disso, foram aplicadas atividades de conscientização sobre doenças que afetam humanos e animais, como questionários de percepção da comunidade e jogos de verdadeiro ou falso.
Segundo Tatielen Severo, a essência do projeto é despertar o interesse para depois gerar conscientização. “É um modo de chamar a atenção das pessoas por meio da curiosidade. Quando elas param para olhar, conseguimos falar sobre o que realmente importa, trazendo informação e conscientização para o controle de doenças que são relevantes para a nossa cidade”, disse.
Diversidade de iniciativas
Os três projetos são apenas exemplos de uma programação ampla que marcou o Mundo UFPel. Ao longo do evento, a comunidade conheceu iniciativas de diferentes áreas do conhecimento, reforçando o papel da Universidade na produção científica, no ensino de qualidade e na extensão que dialoga diretamente com a sociedade.
