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NUAAD trabalha para que o Dia da Consciência Negra seja vivenciado o ano todo

Equipe do NUAADA data é marcante: o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, assinala a luta por condições de respeito e igualdade. Porém, mais do que uma data no calendário, o que a comunidade negra almeja – e pelo que batalha – é para que essa valorização tenha espaço em todos os momentos do ano. Essa proposta encontra eco na atuação do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade da Universidade Federal de Pelotas (NUAAD/UFPel).

É numa construção coletiva, para fortalecer, desenvolver, capacitar e institucionalizar as ações afirmativas dentro da Universidade que o Núcleo se debruça no seu dia a dia. Para além do trabalho com as comissões de heteroidentificação – responsáveis por avaliar a autodeclaração dos candidatos negros que desejem ingressar em instituições federais por intermédio de cotas -, o NUAAD atua com orientação e acolhida a alunos, professores e técnico-administrativos, reuniões de debate e deliberativas, apoio a eventos, ações de educação etnorracial e grupos de trabalho sobre temáticas ligadas às ações afirmativas e diversidade. Isso tudo para que os “sonhos-lutas” se estabeleçam, se fortaleçam e floresçam.

O Núcleo é também um espaço que os estudantes podem frequentar e se reunir, com a perspectiva de acolhida e potencialização dos coletivos, em especial quilombolas e indígenas. Também há orientação para os monitores de disciplinas que auxiliam estudantes quilombolas e indígenas em suas práticas acadêmicas. É um local, ressaltam os servidores do NUAAD, ao qual os estudantes recorrem por motivos diversos, que vão desde denúncias de situações de racismo a apoios variados. “O Núcleo é um espaço de visibilidade para nós, alunos negros, dentro da Universidade”, assinala Bruna Cardoso Acunha, estudante de Pedagogia e bolsista do NUAAD.

Para a coordenadora do NUAAD, Raquel Silveira, a atuação do Núcleo vem de um processo e é marcada pelo respeito e continuidade de um trabalho que procura colocar-se não como esporádico, mas que desenvolve a produção de relações humanas. “Para que a educação etnorracial possa se dar o ano inteiro, tanto dentro da Instituição quanto na comunidade externa”, pontua.

A servidora Adriana Gomes destaca a importância de que os alunos possam acessar informação e conhecimento sobre as lutas anteriores que possibilitaram a eles conquistas como as cotas. “Não adianta apenas a mobilização no dia 20. Trata-se de uma construção, para que os antirracistas nos enxerguem e pensem em como isso se dá”, observa.

O NUAAD faz parte da Coordenação de Inclusão e Diversidade (CID), com a qual trabalha estreitamente.

No horizonte
Uma série de ações têm se desenhado no planejamento do grupo. Uma equipe de cinco estagiárias do curso de Psicologia estão propondo, para o próximo ano, intervenções em atendimento clínico individual e coletivo para cotistas, saúde mental do grupo de servidores e na relação entre as escolas e as políticas de ações afirmativas na UFPel.

A exemplo do que ocorre com a Associação de Hip Hop de Pelotas, o Núcleo pretende uma aproximação com outros grupos sociais organizados e estreitar a relação com os educandários. “Queremos que os estudantes do Ensino Médio saibam que podem ocupar seu espaço dentro da Universidade e que esse espaço também é deles”, afirma Thalia Alves Coelho, bolsista do curso de Direito.

Outra das intenções, explica o servidor Damásio Rodrigues, é intensificar o monitoramento e a avaliação nas cotas de pós-graduação, para que se possa ter o mapeamento do desempenho. “A maior parte dos estudos mostra que o rendimento do cotista, no mínimo, não é pior que o de qualquer outro grupo”, destacou.

Outra ação, adianta a coordenadora, é a reestruturação dos Grupos de Trabalho (GTs), que deverão atuar com foco em acesso, permanência, questões pedagógicas, visibilidade, e análise e contribuição em editais.

Ou seja, uma quantidade de ações que pretendem que o tema seja transversal e cotidiano nas ações da Universidade. “Tudo o que o Núcleo desenvolve é muito importante. É muito raro um professor tocar em assunto de etnia ou racismo durante as aulas. Aqui a gente encontra esse espaço”, afirma Emanuelle Silveira, bolsista do curso de Pedagogia.

Presença na UFPel
Gráfico alunos matriculadosUm dos trabalhos que o NUAAD iniciou neste ano foi o mapeamento dos indígenas, quilombolas e negros (pretos e pardos) na UFPel. Ainda não há previsão de conclusão do levantamento.

Enquanto isso, conforme os dados da Coordenação de Processos e Informações Institucionais, atualmente, são 3.030 alunos negros matriculados nos cursos de graduação presenciais da UFPel. O número dobrou de 2015 para cá, quando era apenas 1.523. E vem subindo progressivamente: 2.005 (em 2016), 2.443 (em 2017) e 2.764 (em 2018). Esses números dizem respeito aos estudantes que informaram sobre sua raça no ato da matrícula – ou seja, se o aluno não fez a declaração nesse momento, não consta desses dados.

Em 2015, 2016 e 2017 os ingressos de negros por Cotas eram, em média, de 787 pessoas. Em 2018 e 2019 a média declina um pouco e fica em 647 – estima-se que isso seja associado ao maior rigor no controle da autodeclaração desses candidatos que se iniciou nesse período.

Em 2015, 2016 e 2017, a média de negros que ingressava pela Ampla Concorrência foi de 232. No período de 2018 e 2019, aumentou o ingresso de negros pela ampla concorrência, ficando, em média, em 326.

Programação
Veja as ações alusivas ao 20 de novembro que NUAAD, coletivos e grupos organizados da UFPel estão promovendo:

20/11

10h30min – Roda de Conversa sobre Identidade Negra e Racismo Estrutural
Local: espaço em frente ao Ginásio da Escola Superior de Educação Física (ESEF) – Rua Luís de Camões, 625

13h – Foto Coletiva dos Alunos e Servidores Negros e Negras da UFPel (o evento será repetido às 19h)
Local: Campus Anglo – próximo à cantina
*Para quem não puder comparecer em nenhum dos dois horários, o Coletivo Negro Tim Lopes estará recebendo fotos de turmas e outras atividades alusivas ao 20 de novembro. O contato pode ser feito pela página do evento no Facebook.

17h – Marcha da Consciência Negra
Concentração no Altar da Pátria (Av. Bento Gonçalves)

19h – Ato Político Cultural
Beco da Bibliotheca Pública de Pelotas
*O NUAAD, o Coletivo Luis Gama, o Coletivo Tim Lopes, o Coletivo de Estudantes Quilombolas, o Negrarqueo, o E’lééko, o Coleitvo Era Esef e o DCE são representações da UFPel que integram a comissão organizadora do evento

19h – Foto Coletiva dos Alunos e Servidores Negros e Negras da UFPel
Local: Campus Anglo – próximo à cantina
*Para quem não puder comparecer, o Coletivo Negro Tim Lopes estará recebendo fotos de turmas e outras atividades alusivas ao 20 de novembro. O contato pode ser feito pela página do evento no Facebook.

Próximos eventos:

Data a definir
Mesa Temática “Educação Étnico Racial e Ensino Superior”
Debatedores:
– Míriam Alves (professora do curso de Psicologia e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas É’LÉÉKO – Agenciamentos Epistêmicos Antirracistas De(s)coloniais)
– Cláudia Daiane Molet (técnica-administrativa do Instituto de Filosofia, Sociologia e Política – IFISP e ganhadora do Prêmio CAPES de Tese, na área de História, no ano de 2019)
– Gilson Porciúncula (professor do Centro de Engenharias e coordenador do projeto Exatas Diversidades Afro Indígenas Brasileiras – ProEDAI)
– Marielda Medeiros (doutoranda em Antropologia e militante do Movimento Negro, coordenadora pedagógica da Ocupação Canto de Conexão)
– Fábio Gonçalves (mestre em Direito, professor da rede pública de ensino, presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra)
Inscrições: em breve, por meio de formulário virtual

30/11
1ª Feira de Afroempreendedores de Pelotas
Das 11h às 17h – Praça CEU, no bairro Dunas
Com participação de pessoas negras físicas e jurídicas, expondo as suas marcas/produtos e divulgando as produções de empreendedores negros de Pelotas e região. Haverá também apresentações culturais
* O NUAAD apoia o evento

Data a definir
Encontro de Negros e Negras Servidores da UFPel
– O evento busca o debate sobre a sua situação na Universidade, possibilidades de projetos e propostas de pautas e atividades de formação para o próximo ano
* O Encontro deverá ocorrer até o final de 2019; em breve, mais informações