Egressa da UFPel será primeira mulher a assumir a direção da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer
A epidemiologista Elisabete Weiderpass, egressa do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), será a nova diretora da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na siga em inglês), braço especializado da Organização Mundial da Saúde na área de câncer e saúde pública.
Com o resultado da eleição, anunciado na última quinta-feira (17), em Lyon, na França, ela se torna a primeira mulher a assumir uma das posições de maior prestígio no campo das pesquisas sobre câncer em nível internacional, além representar, pela primeira vez, a América Latina à frente da IARC.
A agência coordena e conduz pesquisas sobre as causas do câncer humano, os mecanismos da carcinogênese e o desenvolvimento de estratégias para prevenção e tratamento da doença. Eleita para um mandato de cinco anos, a diretora-geral tome possa a partir de janeiro de 2019, tendo superado candidatos da Suécia, Japão, Alemanha e Austrália.
“O ônus do câncer é elevado em todos os países, mas em particular nos países de baixa e média renda, que geralmente têm uma infraestrutura inadequada e insuficiente. Portanto, a prevenção é, e deve continuar sendo, a primeira linha de ataque para enfrentar os desafios impostos pela epidemia global do câncer”, diz Elisabete.
Natural de Santo André (SP), Weiderpass graduou-se em medicina pela Universidade Federal de Pelotas em 1992. Dois anos depois, concluiu o curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, sob orientação dos professores Fernando Barros e Cesar Victora, tendo colaborado em projetos do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel.
A pesquisadora brasileira, que possui também cidadania sueca e finlandesa, é especialista em epidemiologia e prevenção do câncer. Obteve o PhD em Epidemiologia do Câncer, pelo Instituto Karolinska (Estocolmo, Suécia), onde é professora do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística. É pesquisadora sênior do Instituto de Pesquisa de Base Populacional de Câncer, pesquisadora do Registro de Câncer de Oslo, Noruega, e do Samfundet Folkhälsan, em Helsinki, Finlândia. É também professora de Epidemiologia do Câncer na Universidade da Noruega.
“Estou muito feliz por ter sido escolhida a próxima diretora da Agência. Estou ansiosa para trazer minha experiência para a IARC e contribuir para seu importante trabalho”, diz em comunicado oficial da IARC.
Uma das marcas mais importantes da Agência, segundo a epidemiologista, são as chamadas Monografias da IARC, que consistem na avaliação e identificação de diferentes substâncias que podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer em humanos. Desde 1971, a IARC avaliou mais de 1 mil substâncias carcinogênicas em potencial, 400 das quais foram classificadas como carcinogênicas, provavelmente carcinogênicas ou possivelmente carcinogênicas, com conclusões que podem, muitas vezes, ser consideradas impopulares ou polêmicas.
“A IARC deve permanecer uma organização confiável na produção de ciência relevante para políticas de saúde pública e para o bem público, independente de interesses privados”, afirma Weiderpass em artigo do Journal of Cancer Policy.
No próximo ano, ela assume em lugar do atual diretor, Christopher Wild, que terá cumprido dois mandatos de cinco anos, desde sua posse em 1º de janeiro de 2009.