Início do conteúdo

Projeto de extensão da UFPel auxilia cuidadores familiares em Pelotas

maria“Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” é um dos projetos de extensão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) contemplado, este ano, com verbas do Programa de Extensão Universitária (Proext), do Ministério da Educação. A iniciativa busca acompanhar e dar assistência a cuidadores familiares de pacientes com doenças crônicas ou em estado de terminalidade, vinculados a programas de atenção domiciliar à saúde como o Melhor em Casa e o Programa de Internação Domiciliar (PIDI), no município de Pelotas.

Segundo Stefanie Griebeler Oliveira, professora da Faculdade de Enfermagem e coordenadora do projeto, a ideia vem sendo elaborada desde 2014 e desde o segundo semestre do ano passado vem sendo colocada em prática. Até o momento o projeto vinha sendo executado voluntariamente por acadêmicos do curso de Enfermagem, e, com a verba obtida através do Proext, o projeto contará com 12 bolsas para os estudantes. Outra novidade deste ano é a parceria com o curso de Terapia Ocupacional. “Agora o projeto ganhará mais força e visibilidade”, explica Stefanie.

O acompanhamento aos cuidadores familiares é realizado através de visitas domiciliares realizadas por acadêmicos de Enfermagem e agora, também, da Terapia Ocupacional. São realizados ciclos, e, a cada um, oito cuidadores são acompanhados. Cada ciclo conta com quatro visitas.

Cada encontro com os cuidadores tem um foco. Em um primeiro momento procura-se conhecer melhor a pessoa e suas experiências descobrindo como se tornou cuidador familiar e se teve escolha em relação a isso. Também, através de um genograma – representação gráfica da família que auxilia na reflexão sobre a dinâmica familiar e problemas comuns do cotidiano -, busca-se conhecer a estrutura familiar e se há apoio de outras instituições. No segundo encontro é retomada a conversa anterior e iniciam-se as reflexões. Nesse momento os acadêmicos fazem mostras de vídeos e imagens para que o cuidador comece a refletir sobre seu cotidiano.

No terceiro encontro as reflexões são retomadas e o foco se volta para os enfrentamentos. Nesse encontro, os acadêmicos identificam em qual fase do processo de adaptação o cuidador está – normalmente, estão na etapa de reorganização. Os acadêmicos começam a incentivar os cuidadores a retomar práticas de atividades prazerosas. No último encontro são realizadas as avaliações das atividades do projeto e intervenções necessárias, como encaminhamentos a unidades de saúde próximas para que possam ter acompanhamento, exercícios de alongamentos que produzem relaxamento, dicas sobre a alimentação, entre outros aspectos. A coordenadora explica que a intervenção necessária na maioria dos casos é a terapêutica e, com a participação do curso de Terapia Ocupacional, essa necessidade poderá ser melhor suprida.

Em um ano de projeto foram acompanhados 38 cuidadores, 23 do programa Melhor em Casa e 15 do PIDI. Um dado interessante: todos os cuidadores acompanhados até o momento são mulheres. Essas 38 mulheres acompanhadas pelos acadêmicos de Enfermagem tiveram, de alguma forma, suas vidas atingidas positivamente através dos encontros, como ocorreu com Maria da Graça Borck, de 59 anos, que cuida de sua mãe. Maria da Graça conta um pouco da sua história e experiência com o projeto. “Sempre fiquei ao lado da minha mãe. Quando ela ia para o hospital, quem cuidava dela era eu. Antes ela morava na sua casa acompanhada de um filho, mas como ficou muito debilitada depois da isquemia, há seis anos, eu a trouxe para a minha casa”, explica.

Maria da Graça contou que foi procurada pelos representantes do projeto justamente em um momento difícil. “Esses encontros foram muito bons para mim porque estamos sempre aprendendo e trocando experiência. Aprendi muito com elas [as estudantes]. Me orientaram em muitas coisas, foram conversas muito boas. Foi bastante produtivo”, disse. De acordo com Maria da Graça, através do projeto ela obteve encaminhamentos e informações que não sabia que existiam na Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima de sua residência. Também foi por meio do projeto que soube do atendimento psicológico e da ginástica na UBS, que agora realiza periodicamente. “Os encontros do projeto me fizeram muito bem. Eu ficava muito sozinha e foi bom ‘as meninas’ virem conversar. Me explicavam e ensinavam muitas coisas. Fico agradecida”.

Publicado em 08/09/2016, nas categorias Destaque, Notícias.