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UFPel desenvolve pesquisa para diagnóstico sorológico da COVID-19

Um grupo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está trabalhando no desenvolvimento de testes sorológicos nacionais para diagnóstico da COVID-19. O estudo vai na direção da orientação de experts da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendou o desenvolvimento de testes rápidos para diagnóstico da COVID-19 como a primeira de oito prioridades de pesquisa para enfrentamento da pandemia.

De acordo com os pesquisadores da UFPel, os testes sorológicos importados pelo Ministério da Saúde são onerosos e validados com amostras biológicas estrangeiras, não levando em conta aspectos genéticos, socioeconômicos e ambientais do Brasil, o que pode afetar diretamente o desempenho dos mesmos (sensibilidade e especificidade) e a qualidade dos estudos epidemiológicos realizados com tais testes. Além disso, é notória a escassez mundial de testes para diagnóstico da doença.

O grupo da UFPel, liderado pelos professores Fabricio Rochedo Conceição e Alan John Alexander McBride, utilizou modernas ferramentas de imunoinformática, dados oriundos de literatura científica e patentes internacionais para a seleção dos antígenos – matéria-prima crucial para o bom desempenho dos testes sorológicos -, que serão produzidos por engenharia genética e utilizados no desenvolvimento dos testes.

A partir da análise, foram desenhados in silico (computador) aproximadamente 20 antígenos, dos quais dez foram selecionados para a produção de genes sintéticos, que possibilitarão a produção dos antígenos de SARS Cov-2 (novo Coronavírus) em bactérias geneticamente modificadas (engenharia genética), eficientes biofábricas de antígenos, que serão usados no desenvolvimento dos testes sorológicos para diagnóstico da COVID-19.

Os testes também auxiliarão a realização de estudos epidemiológicos visando determinar a real taxa de exposição ao vírus. Conforme os pesquisadores, a escassez de testes para esta doença no Brasil e no mundo tem dificultado às autoridades a tomada de decisão rápida, já que existe uma subnotificação de casos.

Segundo o grupo, sem um correto levantamento das infecções é impossível planejar ações eficazes e destinação de recursos adequadamente. Além disso, sem testes sorológicos não é possível avaliar retrospectivamente assintomáticos que provavelmente estão imunes e aptos a retornar ao trabalho, com os devidos cuidados de higiene para não disseminarem o vírus. Os antígenos que serão produzidos também têm potencial para o desenvolvimento de agentes terapêuticos e vacinas, o que pode ocorrer num segundo momento a médio ou longo prazo. “O sucesso no enfrentamento dessa crise passa pela Ciência e é dever da Biotecnologia contribuir neste sentido”, destacou um dos coordenadores da iniciativa, Fabricio Conceição.

Experiência e união de esforços
Os pesquisadores envolvidos possuem experiência no desenvolvimento de testes diagnósticos para outras doenças e agora reuniram esforços para lidar com esse problema mundial. Diante do avanço da doença, Conceição deu início à formação do núcleo técnico-científico composto pelos professores pesquisadores Alan John Alexander McBride, Luciano da Silva Pinto e Ângela Nunes Moreira. A iniciativa foi prontamente apoiada pelos demais pesquisadores e pelo reitor, professor Pedro Hallal. Atualmente, a proposta conta com apoio de outros pesquisadores da Biotecnologia, de outras unidades acadêmicas da UFPel, como Epidemiologia, Nutrição e Veterinária (Virologia), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), além de alunos de graduação e pós-graduação. “Temos um grupo experiente e mobilizado para ajudar a população”, salientou o pesquisador.