Estudo aborda habilidades do pianista colaborador
Seja acompanhando algum instrumentista ou cantor, no palco ou na preparação, o pianista colaborador precisa estar investido de habilidades específicas que permitam um trabalho conjunto desenvolto e orgânico. Dentre essas características está a respiração, que evita a “quebra do fluxo” do fazer musical. Esse é o tema de um estudo desenvolvido pelo estudante de Bacharelado em Música – Piano da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Guilherme Fronchetti Pelliccioli, sob orientação do professor Germano Gastal Mayer.
A pesquisa integra o Trabalho de Conclusão de Curso de Pelliccioli. Dentre as habilidades do pianista colaborador estão a capacidade de ouvir o todo – não apenas a parte que lhe cabe -, a leitura à primeira vista – que é a capacidade de fornecer suporte mais imediato ao trabalho colaborativo, que muitas vezes não oferece tanta antecedência que permita um estudo prévio da partitura – e, claro, a respiração. De acordo com o orientador, na construção de um trabalho performático o pianista precisa identificar os casos em que o cantor precisa respirar. A organização dessa respiração evita a “quebra” no discurso musical. “O pianista precisa reconhecer para acompanhar a respiração de forma orgânica. Ele precisa pensar como o cantor”, observou.
Como parte da contribuição no trabalho conjunto, o pianista colaborador atua também apontando erros e acertos e oferecendo sugestões de melhora para o cantor ou instrumentista. “Ele tem a habilidade de interação com outros músicos e é qualificado para auxiliar na preparação musical”, pontuou o estudante.
A pesquisa desenvolvida por Pelliccioli foca no seu próprio processo de ensaio com colegas acadêmicos em duas canções específicas, de Schumann e Schubert, com o enfoque nos três momentos de respiração no fazer musical conforme apontado pelo autor Martin Katz. “Nessas canções, existem pontos específicos onde esses casos de respiração não são tão óbvios, mas a investigação encontrou, o que contribuiu consideravelmente”, explica o orientador.
O estudante deverá apresentar parte da pesquisa no 2º Colóquio de Pesquisa em Música da Universidade Federal de Ouro Preto, que ocorrerá de 9 a 11 de julho. O trabalho é intitulado “Habilidades do pianista colaborador – uma abordagem sobre Die Liebe hat gelogen de F. Schubert”.
Projeto Correpetição como Prática
O curso de Música – Piano tem desenvolvido, sob coordenação do professor Mayer, o projeto Correpetição como Prática. Trata-se de um projeto de ensino colaborativo, com seis pianistas dos cursos de bacharelado e licenciatura em Música, sendo dois deles bolsistas de Ensino. De acordo com o docente, é a primeira vez que se desenvolve a colaboração dos pianistas com os colegas de forma sistemática, com suporte pedagógico e horas complementares. “Eles crescem colaborando e oferecendo suporte para flautistas, violinistas e cantores”, destacou.