Tese da Epidemiologia aborda o tabagismo na gestação
Mesmo com todo o conhecimento disponível sobre os malefícios do cigarro, tanto para a gestante quanto para o bebê, algumas mulheres ainda fumam durante a gestação. O tabagismo pode trazer graves consequências a curto e longo prazo como, por exemplo, dificultar o crescimento do bebê e levá-lo a morte ainda na barriga da mãe, fazer com que ele nasça antes da hora ou interromper a gravidez, que seria o aborto. Além disso, o tabagismo durante a gravidez pode levar à dificuldade de aprendizagem, aumento excessivo de peso podendo, inclusive, chegar a obesidade, piora da função pulmonar e diversas doenças respiratórias.
O tabagismo durante a gestação foi avaliado em estudo que fez parte da tese de Doutorado em Epidemiologia da aluna Josiane Luzia Dias Damé junto ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas sob orientação do Dr. Juraci A. Cesar. O estudo utilizou dados de três inquéritos perinatais realizados no município de Rio Grande, RS, nos anos de 2007, 2010 e 2013. Esses estudos incluíram todas as mulheres residentes no município que tiveram filho entre 1º de janeiro e 31 de dezembro destes três anos. No total, 7.572 mães foram entrevistadas logo após o parto, quando ainda estavam no hospital.
Na primeira parte do estudo foi avaliado se houve mudança no percentual de mães que fumavam antes e durante a gestação, assim como o total de mães que deixaram de fumar durante a gestação nestes três anos. O estudo mostrou que, neste período, o tabagismo antes de engravidar caiu de 28% para 22%, enquanto que durante a gestação, caiu de 22% para 18%. Chamou a atenção o fato de a redução do fumo durante a gestação neste período ter sido maior entre mulheres mais ricas. Além disso, verificou-se que quanto maior a renda familiar, menor o número de mulheres que fumavam. Não houve mudança no percentual de mulheres que deixaram de fumar durante a gestação.
Na segunda parte do estudo, que incluiu somente as gestantes que tiveram filho em 2013, o objetivo foi identificar quais são as mulheres que apresentam maior chance de parar de fumar na gravidez. Os resultados obtidos mostram que mais da metade das mulheres fumantes tentam parar de fumar na gravidez (56%), no entanto, apenas um quarto delas conseguem ficar sem fumar até o final da gravidez. As mulheres que tem maior chance de parar são aquelas mais ricas, com maior escolaridade, com menor idade, que realizaram maior número de consultas de pré-natal e que não fumaram na gestação anterior. Isto é particularmente grave porque exatamente as mulheres que apresentam os maiores riscos de adoecimento, ocorrência de complicações e morte são as que param menos.
Defesa de tese: Tabagismo durante a gestação: ocorrência, tendência temporal e fatores associados
Orientador: Juraci Almeida Cesar
Banca: Ana Maria B Menezes, Bernardo Horta e Raul Mendoza Sassi
Local: Auditório Kurt Kloetzel
Data: 05/11/2015
Hora: 14h
Apresentador: Josiane Dias Damé.