Bienal da UFPel consolidará a antiga Brahma como espaço cultural para Pelotas
Uma das edificações que são testemunhas da pujança e posterior decadência econômica da região do Porto de Pelotas, mas também de seu ressurgimento, como espaço de cultura, arte e educação, será o núcleo das atividades da primeira edição da Bienal Internacional de Arte e Cidadania da UFPel. A antiga Cervejaria Haertel, depois adquirida pela Brahma, apesar de não ter sua restauração completamente concluída, será espaço para apresentações, discussões e interação entre artistas e público para o evento, que se dará entre os dias 15 e 22 de novembro.
Na última sexta-feira (2), integrantes da Administração Central da Universidade, entre eles o reitor, Mauro Del Pino, e a pró-reitora de Extensão e Cultura, Denise Bussoletti, estiveram no espaço, que foi doado pela prefeitura à UFPel no início da década, para verificar as suas condições e pensar as possibilidades de ocupação.
O ambiente da esquina das ruas Benjamin Constant e José do Patrocínio, único até agora restaurado, afinal receberá a destinação para a qual foi planejado: ali funcionará a Livraria da UFPel e, em seu subsolo, uma área voltada para intervenções culturais e artísticas. Em área anexa, também remodelada, haverá um café, que ocupará também espaço no pátio do local.
O uso do espaço não finalizará com o término da Bienal, mas ficará já como o primeiro passo para a plena atividade da antiga Brahma. A ideia, segundo o reitor e a pró-reitora, é que ali seja mantida uma intensa programação cultural, com apresentações de diversas modalidades artísticas e culturais, ciclos de debates e eventos.
No entanto, a ocupação das instalações da cervejaria não ficará restrita à livraria. A ruína central dos galpões, logo em frente ao portão, será um grande espaço cênico no qual será montado o palco principal para as apresentações do evento. Segundo o coordenador da Bienal Internacional, professor Carlos Oliveira, o uso do local, mesmo ainda em degradação, poderá trazer um novo sentido para ele: “A partir do uso dessa ruína, poderemos dar um novo significado”.
A pró-reitora ainda complementou, afirmando que a arte permite essa transgressão, do uso sem a restauração, até como uma forma de chamar atenção para o estado da construção. Oliveira também destacou que a nossa cultura não tem a tradição de lidar com a ruína, como algo útil. “Elas são cicatrizes daquilo que passou e nos fazem provocações constantes”, disse.
A cultura da América Latina em evidência
A primeira edição da Bienal Internacional de Arte e Cidadania da UFPel trará o tema “Latinidades” para intervenções artísticas, apresentações e debates. A ideia é colocar a arte enquanto expressão da cidadania, trazendo a oportunidade de a comunidade poder encontrar e refletir sobre a produção cultural.
E como uma forma de marcar essa interação, e incentivá-la no âmbito do patrimônio, a abertura dos portões da Brahma será uma das marcas dessa Bienal. Porém, outros espaços da cidade também receberão as atividades do evento: unidades da UFPel, o próprio entorno da Brahma e o largo do Mercado.