Dia Mundial de Conscientização do Autismo: Conhecimento, acolhimento e políticas públicas em pauta
No dia 2 de abril, celebra-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data instituída pela ONU para promover o entendimento, o respeito e a inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A data busca refletir sobre as barreiras visíveis e invisíveis que ainda cercam o diagnóstico, o acesso a direitos e a convivência social das pessoas autistas.
Ainda hoje, famílias enfrentam longas jornadas até o diagnóstico, lidam com escassez de serviços públicos especializados e com o despreparo de instituições para oferecer suporte adequado. Ao mesmo tempo, mitos e estigmas persistem, dificultando a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
Nesse cenário, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se destaca com iniciativas que combinam pesquisa, acolhimento e compromisso social. Diversos projetos e grupos de estudo atuam diretamente com questões relacionadas ao TEA, produzindo conhecimento e fomentando políticas públicas. Confira alguns:
Rede TEA Brasil: atenção à saúde em rede
O projeto Rede TEA Brasil busca investigar, em nível nacional, o cuidado e a atenção à saúde das pessoas com TEA. A partir de uma análise da organização das redes públicas de saúde em todos os estados do país, o projeto mapeia as principais lacunas no atendimento, desde a escassez de centros especializados até a urgente necessidade de mais profissionais capacitados.
De acordo com a coordenadora do projeto, Juliana Vaz, o levantamento de dados, bem como a divulgação desses resultados à sociedade é de extrema importância para que todas as famílias com indivíduos com TEA saibam de seus direitos de forma clara e acessível. “Nosso projeto além de realizar este levantamento busca torná-los disponíveis de modo que possamos melhorar cada área ainda carente de leis e políticas públicas em todos os estados.” disse.
O projeto pode ser acompanhado no site e no Instagram da Rede TEA Brasil, onde são divulgadas pesquisas, dados e materiais informativos.
https://wp.ufpel.edu.br/redeteabrasil/
https://www.instagram.com/redeteabrasil/
NEPCA: cognição, aprendizagem e inclusão
O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Cognição e Aprendizagem (NEPCA), criado em 2009, é outro exemplo do compromisso da UFPel com a inclusão. Coordenado pela professora Rita Cóssio, o grupo desenvolve pesquisas voltadas ao processo de aprendizagem e às experiências escolares de pessoas com deficiência e com TEA.
Ao longo dos anos, o NEPCA aprofundou estudos sobre memória, cognição e interação social, ampliando o foco para políticas públicas e práticas de intervenção precoce. Em parceria com a Universidade do Minho (Portugal), o Núcleo coordenou o projeto “Intervenção Precoce para pessoas TEA: um estudo luso-brasileiro”, que adaptou para Pelotas um modelo europeu de apoio às famílias e às crianças com autismo nos seus contextos naturais.
Dentro da parceria, é realizado bienalmente o Congresso Luso-Brasileiro sobre TEA e Educação Inclusiva (Conlubra), que promove o diálogo entre pesquisadores, educadores e famílias, incentivando a construção coletiva de saberes e práticas voltadas para uma educação mais inclusiva e transformadora.
Durante a pandemia da COVID-19, o NEPCA também investigou os impactos do isolamento social na rotina das crianças com TEA e suas famílias, buscando compreender como apoiar o desenvolvimento infantil mesmo em cenários adversos. Os resultados desse estudo têm contribuído para o aprimoramento das estratégias remotas de intervenção na saúde e na educação.
O Núcleo mantém parceria com o Centro de Atendimento ao Autista Danilo Rolim de Moura, da Prefeitura de Pelotas, atuando conjuntamente no desenvolvimento de programas, ações e pesquisas voltadas ao Transtorno do Espectro Autista.
https://wp.ufpel.edu.br/aeeufpel/
Intervenção precoce para o desenvolvimento infantil
Lançado em março de 2024 na UFPel, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Programa de Atenção Precoce na Infância (ProAPI) tem como objetivo implementar práticas de intervenção precoce para crianças de 0 a 6 anos em risco de desenvolvimento ou atendidas pela educação especial. Desenvolvido a partir de estudos do NEPCA/UFPel, o programa será aplicado de forma piloto em Pelotas, com ações integradas entre educação, saúde e assistência social, valorizando o envolvimento das famílias e os contextos naturais da criança.