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“Sua Tese em Três Minutos”: cientistas compartilham suas pesquisas na 9ª Siiepe

O objetivo dos cursos de Doutorado, usualmente na forma de um trabalho acadêmico  denominado “tese”, é proporcionar à sociedade conhecimento novo, inédito, em uma determinada área do saber. Essas pesquisas, pelo seu grau de complexidade, demandam comumente quatro anos de dedicação para o seu desenvolvimento. O desafio proporcionado pela 9ª Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão (Siiepe), foi a apresentação na noite de quarta-feira (19), em três minutos, dos resultados de teses de doutorado em desenvolvimento na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para um público não familiarizado com a linguagem científica.

O modelo “Sua Tese em três minutos”, em sua quarta edição na UFPel, é o resultado da iniciativa de uma universidade australiana (Queensland) para contribuir com a divulgação da ciência. O modelo tem sido adotado por cerca de instituições, distribuídas em 85 países. O coordenador de Pesquisa da UFPel, Marcos Corrêa, explicou que o objetivo do evento é a aproximação da Ciência com a sociedade, considerando que toda a pesquisa destina-se a trazer benefícios à população. “É o exercício de comunicação em Ciência”, resumiu.

No “Sua Tese em três minutos”, estudantes de doutorado são convidados ao compartilhamento dos resultados obtidos, de forma concisa, para uma audiência não especializada.  Além de respeitar o cronômetro, entre as regras, não é permitido utilizar mais de um slide, nem levar objetos ou realizar performances.

Na forma de competição de comunicação, durante a 9ª Siiepe, pesquisadoras e pesquisadores expuseram os seus trabalhos de tese no auditório do Centro de Artes, com avaliação pelo público e por banca formada por profissionais da área de Jornalismo, Marketing, Rádio, Docência e Gestão Administrativa, sob os critérios de compreensão, conteúdo, envolvimento e comunicação.

Teses premiadas

Três pesquisas foram destacadas pela banca avaliadora e uma destas também pela votação do público, que ocupou ao limite o espaço do evento. A pesquisa da estudante Juliê da Costa, do Programa de Pós-Graduação em Química, e de Taís Rech, do Doutorado em Bioquímica e Bioprospecção, empataram em primeiro lugar.

Juliê da Costa compartilhou os avanços de sua pesquisa para a modificação da planta Luffa cyllindrica, conhecida pela sua utilização como esponja vegetal, para que possa ser utilizada como filtro em corpos hídricos.  O objetivo é de que o material possa repelir os fármacos presentes na água, que não conseguem ser eliminados pelas estações de tratamento. A estudante explicou que cerca de 60% dos medicamentos ingeridos pela população são descartados pelo organismo e chegam aos corpos hídricos; a alta concentração na água, devido à prática da automedicação, tem provocado o desenvolvimento bactérias que são resistentes a esses fármacos, o que leva à perda da eficácia dos antibióticos.

Taís Rech relatou o trabalho desenvolvido nos laboratórios da UFPel para o desenvolvimento de um composto químico, atualmente administrado em camundongos, para o combate à depressão. A estudante relatou que, no mundo, 300 milhões de pessoas sofrem da doença e de 30% a 40% não respondem adequadamente ao tratamento que utilizam. Os resultados indicam, até o momento, resultados promissores e rápidos. A pesquisa do curso de Bioquímica e Bioprospecção também foi a escolhida pelo público.

Já a tese da estudante Alice Lourenson, do programa de Ciência e Tecnologia de Alimentos, condecorada com o 3º lugar, visa à proposta de criação de composto de erva mate com folhas de oliveira, que habitualmente são descartadas pela indústria. Dessa forma, o consumo do chimarrão poderá trazer os benefícios típicos do consumo do azeite de oliva, como os efeitos anti-inflamatórios, cardioprotetor, antidiabético e a redução dos níveis de “colesterol ruim” no sangue (LDL).

As doutorandas receberam prêmios em dinheiro, via Fundação Delfim Mendes da Silveira, e auxílio para eventos. A pesquisadora  escolhida pelo público também ganhou materiais da Linha UFPel.

Defesa da Ciência

Após as apresentações, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Flávio Demarco, defendeu a importância da pesquisa das Universidades Públicas, que passou, na história recente do País, pela redução de 22%, índice similar à realidade da Ucrânia, no contexto do conflito armado. “Estávamos em guerra contra a anticiência. Viva a Ciência, viva a Universidade Pública e que continuemos nesse caminho”, conclamou.