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GT discute gênero e sexualidades no I Simpósio de Gênero e Diversidade

DSC_0148DSC_0174Foi encerrado nesta quinta-feira (20), no Lyceu Riograndense, o Grupo de Trabalho sobre Gênero e Sexualidades do I Simpósio de Gênero e Diversidade, com a participação da professora Fabiane Simioni (FURG e UNIPAMPA) e do pesquisador Rogério Diniz Junqueira (Inep).

Abrindo a mesa da tarde, Fabiane Simioni apresentou sua pesquisa sobre a abordagem de gênero na escola e quais seus limites e desafios para uma vida livre de discriminação e violência. A professora introduziu o assunto falando sobre como promotoras legais populares já davam oficinas sobre gênero na escola, pois essa era uma demanda dos professores e professoras da rede pública. Além disso, Simioni falou sobre o Plano Nacional de Educação, do qual oito estados brasileiros, inclusive o Rio Grande do Sul, eliminaram o termo “gênero” e assuntos como políticas públicas do âmbito escolar.

Deste modo, a professora conta que ao tirar esse assunto das discussões nas escolas, “é dada a ideia de que discuti-los é perigoso e contaminador”.  Apesar disso, esclarece que existem outros documentos oficiais que garantem a discussão de gênero em educandários, havendo inúmeros fundamentos jurídicos que garantem o direito de educação igualitária. Também se colocou na discussão a falsa dicotomia entre a noção de público e privado, passando pela noção de direitos individuais, e, por fim, reforçando que a Constituição Brasileira de 1988 estabelece conceitos mínimos e essenciais para a dignidade humana. Fabiane afirma categoricamente: “nossa cor e identidade de gênero não deveriam importar.”

Após a explanação da professora, Rogério Diniz, doutor em Sociologia das Instituições Jurídicas e Políticas pelas Università Degli Studi di Milano e Macerata, apresentou sua pesquisa intitulada “Homonormatividade e homonacionalismo: geopolítica e neoliberalismo”, que tem com pergunta central se as políticas sexuais em favor de uma “cidadania LGBT” desestabilizam ou não as normas de gênero e a heteronormatividade. A partir disso, foi conceituada a “homonormatividade” como sendo uma política sexual de cunho neoliberal para promover o que ele chama de “direitos gays”, visto que só contempla uma parcela da sigla LGBT. Um dos argumentos apresentados pelo professor é de que essa política desestabiliza a crítica e a resistência à heterossexualidade compulsória.

De forma despojada e até engraçada, ele mostrou que entende essa política sexual como um “puxadinho no mundo heterossexual”, e afirma: “quem couber nesse ‘puxadinho’ vai trabalhar para esmagar os que não couberam”, se referindo às lésbicas, aos homossexuais efeminados, etc.. Ele ainda tratou das contradições do movimento ao comparar suas reivindicações atuais com as do início da mobilização.

Para fechar a tarde, foram propostas rodadas de perguntas e intervenções vindas da plateia, que permaneceu atenta até o fim do GT. A mesa foi mediada pelos professores Luciano Pereira (PPGE/UFPel) e Renato Duro Dias (FADIR/FURG).

Publicado em 20/05/2016, na categoria Notícias.