Projeto Pedagógico é compromisso público, diz Mabel
Muito mais do que um documento que define como devem ser a formação discente e os currículos dos cursos, o Projeto Pedagógico deve estabelecer um compromisso social da Universidade com o público, em benefício da sociedade e do interesse coletivo. A premissa pode ser extraída do diálogo informal que a professora aposentada da UFPel, hoje atuando na Unisinos, Maria Isabel da Cunha, a Mabel, manteve na tarde desta segunda-feira (28) com coordenadores de cursos, diretores de unidades acadêmicas, chefes de departamento e docentes da Instituição, no auditório do Centro de Artes.
O encontro foi chamado de Diálogo sobre o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e os cursos da UFPel, e faz parte do processo de elaboração do novo Projeto Pedagógico Institucional da Universidade, em curso na UFPel. Mabel era a pró-reitora de Graduação da Universidade em 1991, quando o primeiro Projeto Pedagógico foi feito na Instituição, revisto depois em 2003.
O evento foi promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Prec), Pró-Reitoria de Graduação (PRG), Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan) e a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG).
O desafio de ensinar conhecendo, e reconhecendo, os alunos como pessoas que hoje são cada vez são mais diversas foi tratado pela professora. “Precisamos ter claro que ali, na sala de aula, estão pessoas muito diferentes que, como o professor, trazem para aquele ambiente todas as questões que envolvem suas vidas”, observou. Este reconhecimento, conforme Mabel, faz parte do processo de saber ensinar.
E mais que uma relação entre professor e alunos, os processos pedagógicos respondem a responsabilidades sociais. Assim Maria Isabel classificou os Projetos Pedagógicos como referentes de muita expressão nas universidades. “São compromissos públicos. Colaboram para recuperar a Universidade Pública, em benefício do público e do interesse coletivo”, afirmou.
E o lugar onde tudo isso ocorre são os cursos, disse a ex-pró-reitora da UFPel na Gestão de Amílcar Gigante, de 1989 a 1992. “O curso é vital na construção do conhecimento para a formação do estudante”, asseverou.
Maria Isabel falou sobre o momento de transformação na formação escolarizada vivido hoje, sobre modelos de escola, teoria e prática docente e currículos, indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e a importância da prática para a compreensão dos conteúdos.
Analisou as avaliações que ocorrem nas universidades, questionando porque pontos como inclusão e democratização não são avaliados. “É importante avaliarmos sim o perfil dos estudantes, se produzem muito ou pouco, mas é preciso saber também para quem eles vão produzir, onde vão aplicar seus conhecimentos”, alertou.
Após mais de uma hora de manifestação em tom de conversa, Mabel respondeu questões da plateia, ampliando os temas abordados e tirando dúvidas.
Aproximação
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFPel, Luís Osório Rocha dos Santos, disse, na abertura do encontro, que o evento objetivava estreitar relações com os coordenadores de cursos, de graduação e de pós-graduação, e também com os diretores de unidades. “É um trabalho conjunto que serve de suporte para que avancemos em qualidade”, sublinhou. Osório lembrou que está em andamento trabalho feito em conjunto pela Gestão e coordenadores de cursos de graduação que elabora propostas de modelos de avaliação e de planejamento. Em seguida a atividade será feita também com os coordenadores de pós-graduação.
Luciano Agostini, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, classificou o momento de debates vivido na UFPel como altamente positivo. Já o pró-reitor de Graduação, Álvaro Hypólito, reforçou a valor da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe), ocorrida de 21 a 25 de setembro, e falou sobre o Programa Espaço Docente, lançado durante a Siepe.
O trabalho da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis na área da inclusão foi ressaltado pela titular da pasta, Ediane Acunha. Ela lembrou as políticas afirmativas nas áreas de gênero, de diversidade de gênero, para indígenas e quilombolas e o acompanhamento feito com os cotistas.
“Dever e prazer”. Assim a pró-reitora de Gestão de Pessoas, Eugênia Dias, definiu o processo de elaboração do PPI. Para ela, a Progep tem seu lugar neste trabalho, que é um compromisso de todas as pessoas que fazem a UFPel.
Momento intenso
Em sua fala na abertura do encontro, o reitor Mauro Del Pino disse que a UFPel vive uma intensa pauta em torno do Projeto Acadêmico pretendido. “Vamos avançar com o Projeto Pedagógico para seguir rumo aos compromissos da Universidade Pública”, lançou. O reitor fez menção ao período de Consulta Pública à proposta de Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI), aberto até este domingo (4). Depois da Consulta, o documento será levado à apreciação do Conselho Universitário.
Lembrou que a Constituinte Universitária deve, até o fim do ano, como foi delegado pelo Conselho Universitário (Consun), redigir os novos Estatuto e Regimento Interno e também o novo PPI da UFPel. “Tudo para que a Universidade ganhe em estrutura acadêmica. Para que ela ajude a repensar a sociedade e as profissões, para que ocorra uma retomada do crescimento, para que se reforce a constituição da cidadania, para que o projeto de país conte com uma universidade autônoma, capaz de avançar em inclusão e onde haja espaço para todos”, ressaltou Del Pino.