Programa Fronteiras da Diversidade lança livro de dramaturgia
Foi lançado na última sexta, dia 30 de maio, o primeiro volume do livro Leituras em Dramaturgia Teatral para a Diversidade. Organizado por Denise Bussoletti e Vagner Vargas, foi feito pelos integrantes do Programa Fronteiras da Diversidade, um dos vários projetos realizados no Núcleo de Arte, Linguagem e Subjetividade (NALS), da UFPel.
O livro é formado por textos teatrais de diversos alunos de Teatro integrantes do NALS, e aborda a questão da diversidade. A ideia é tratar de temas que não são comumente abordados na dramaturgia teatral e dar um enfoque educativo.
Durante o lançamento, que ocorreu na Livraria da UFPel, foi feita a leitura dramática do texto Margaridas Sem Terra, de Denise Bussoletti e Vagner Vargas. Logo após, foram representados trechos da peça Uma Carta para Camille Claudel, de Hélcio Fernandes. Ambos estão presentes no livro.
Hélcio assistiu a uma montagem do espetáculo em 2008 e se apaixonou pela história de Camille, então resolveu montar a peça que está no livro. “A Camille fala de interdição, de arte, sobre o papel da própria mulher dentro da arte”, explica, lembrando que até hoje suas obras estão no museu do Rodin, do qual ela foi amante. Para ele, se não fosse a interdição, a artista poderia ser tão renomada quando Rodin. A peça já foi representada em 2011, em uma cadeira de encenação da faculdade.
Este ano Hélcio montou, juntamente com Francine Mohammed e Juliane Grinberg, a Cia Teatral Caboclos da Cidade, e então retomaram a peça Uma Carta para Camille Claudel. Mas ela ainda não foi representada na íntegra por falta da estrutura necessária. A meta é que até o final do ano o problema seja resolvido. A companhia também trabalha com as narrativas da Umbanda, tema do mestrado que Hélcio está fazendo.
O segundo volume do livro já está sendo diagramado para a publicação. Começou com uma oficina de dramaturgia para Teatro ministrada por Vagner Vargas para a comunidade em geral, chamada Laboratório da Diferença e Oficina da Diversidade. O que era a princípio uma oficina de texto e dramaturgia teatral passou a ser um laboratório de escrita que envolve alunos do Direito, das Letras, etc.
O Núcleo de Arte, Linguagem e Subjetividade (NALS)
O NALS surgiu em 2008 a partir de um laboratório de poéticas visuais e depois ampliou seu trabalho para a pesquisa e o ensino. Tem como tema central a questão da diversidade na sua mais ampla significação, tratando da diversidade social, religiosa, étnica, sexual, de gênero, a temática da inclusão social.
Denise Bussoletti conta que no próprio grupo há uma diversidade grande, por ter alunos de diferentes orientações sexuais, lugares, condições sociais, etc. Um exemplo é Gabriel Nogueira, primeiro aluno com Síndrome de Down da UFPel. Ele é professor de teatro em um dos projetos, o Teatro Down, direcionado para alunos que tem a síndrome. Segundo Denise, a ideia é absolutamente inusitada. “Foi sempre alguém não Down para os Downs. A gente tem uma metodologia completamente nova, tem uma forma de ver a coisa completamente diferenciada, a gente está aprendendo muito com isso.”
Além do Fronteiras da Diversidade, o NALS tem diversos projetos dentro da Universidade. Entre eles o Figuraça, com a produção de vídeos a partir de personagens que fazem parte do cotidiano da cidade e que nem sempre são reconhecidas.
Já o Contadores de Histórias é um evento que traz narrativas da cidade tentando articular saberes acadêmicos com os da comunidade. O foco é nas estéticas periféricas.
O Crianças e Borboletas trabalha com desenho, pintura e poesia para crianças. Tendo construção nas escolas, se discute a “holocaustização” da infância, que termina, é descartada. Ainda podemos citar o Parceria, Aula Extra, Xerox Solidário, Confraria do Fuxico. A lista de projetos é grande.
Hoje o NALS tem em média 35 alunos de graduação e pós-graduação, vinculados ao PET e ao ProExt. São alunos de vários cursos, como Direito, Letras, Jornalismo, Design, Artes, Teatro, Música, Matemática e Engenharias.