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Inovação transdisciplinar e ousadia na Exposição “Caminhos” dos recém-formados do Centro de Artes

A exposição coletiva “Caminhos”, n’A SALA – Galeria do Centro de Artes abriu no último dia 14 com a presença de um bom público interessado na produção artística de alunos graduados em Artes Visuais no Centro de Artes da UFPEL. Antes da abertura da mostra, aconteceu um encontro no auditório do Centro de Artes com os artistas recém-formados no Curso de Bacharelado em Artes Visuais: Adriane Araujo, André Barbachan, Graziele Gomes, Isabel Cristina, Juliana Charnaud, Junior Asnoum, Mariana Faes, Rita Rickes e no Curso de Design Gráfico, Föerspak.

A mostra apresenta propostas contemporâneas diversas: instalação de Bio-Arte, pintura, fotografia, vídeo, pintura-objeto, objeto sonoro e assemblagem pictórica. Incorporam-se nas obras materiais inusitados do cotidiano como lentilhas, um capô de automóvel e no trabalho de Adriane Araújo, massa de pão caseiro. Segundo a artista, o trabalho “Espera”, evoca uma sensação de “desassossego” que “pode se dar, pelo modo que este material se comporta quando está em um lugar incomum e quando transborda de maneira conduzida.”

Destaque para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Design Gráfico de Föerspak (nome artístico de Felipe Foerstnow Szczepaniak), premiado na XV Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) no XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul (Intercom Sul) na categoria de Melhor Produção Transdisciplinar na modalidade de Comunicação e Inovação. Sua instalação inclui seu TCC “Design de identidade vegetal Förspaek: planta-símbolo para Pelotas-RS”, que também pode ser acessado pelo link: http://www.ufpel.edu.br/ca/design/grafico/tcc/acervo/2012_2/felipe_szczepaniak.pdf.

A visitação da exposição segue até 19 de setembro, de segunda-feira a sexta-feira, das 9h30min às 12h e das 14h às 18h na Galeria A SALA – Rua Cel. Alberto Rosa, 62, no saguão térreo do Centro de Artes. Informações sobre visitas mediadas na Galeria e as Ações Educativas do grupo de mediadores artísticos Patafísica podem ser obtidas pelo e-mail patafisica@live.com.

Inevitáveis Ousadias
A busca incessante por algo que parece nos escapar pelos dedos não é privilégio de alguns… A necessidade de trabalhar continuamente e de persistir sem medo de errar parece acompanhar não só os artistas, mas todos aqueles criadores que se dedicam a concretizar suas ideias.

A insistência no trabalho e a crença de que algo interessante pode surgir a qualquer momento é parte do processo de criação em qualquer profissão. Esta vontade de acreditar que é possível fazer alguma coisa onde antes não havia nada acompanha também estes jovens artistas que apresentam uma parte de sua produção artística recente. Esta exposição reúne obras que foram realizadas para o Trabalho de Conclusão de Curso dos estudantes de Artes Visuais e de Design Gráfico da Universidade Federal de Pelotas em 2012 e 2013.

Esperar, induzir, transbordar. Desassossegar, ritmar, percutir. Imaginar, expor, criar. Explorar, fotografar, lembrar, sentir. Acumular, congelar, escorrer, colorir. Habitar, espalhar, usar. Grafitar, enferrujar, intervir. Coreografar, caminhar, dançar. Pintar, relacionar, transitar, conduzir. São ações que dizem respeito ao modo como cada um deles interage com sua própria produção. Acima de tudo, tentar e tentar mais uma vez. Insistir. Persistir.

Mas é também esperar desassossegadamente o transbordamento do material. Induzir ritmos percussivos para si. Convidar os outros a compartilhar. Expor um laboratório imaginário de criação. Explorar fotograficamente sensações e lembranças. Acumular, como se fosse possível congelar a areia que escorre da ampulheta. Descobrir novos modos de habitar a própria pele. Grafitar um capô velho, para experimentar algo fora do corriqueiro. Coreografar videograficamente aqueles pés dançantes. Pintar: percorrer a superfície para criar, para construir, transitar, e de novo transbordar…

Por outro lado, é trabalhar desfazendo. Construir destruindo. Alternadamente começar e recomeçar do zero. Finalizar para então dar início a um novo recomeço. Atualizar permanentemente cada instante, pois o presente também nos faz ir à busca daquilo que ainda há para ser visto, que está aí para ser vivido e aguarda ser experimentado. A cada nova etapa, uma nova situação. Irrepetível. Mas como não hesitar? Como escolher o melhor caminho? Como saber para que lado for? Não esquecer a parcimônia (a velha navalha de Ockham). Duvidar, sempre! E mesmo assim acreditar. E colocar a alma inteira naquilo que de outra forma não estaria completo. Não sei se há outro modo de fazê-lo.

De nossas incertezas e de nossas inevitáveis ousadias podem nascer os melhores estímulos que nos levam a descobrir os detalhes e as sementes de poesia dos banais objetos ou dos melhores momentos do cotidiano de nossas vidas. As coisas estão todas aí, conectadas… Cabe a nós enxergar e fazer ver algumas destas minúsculas ou maiúsculas possibilidades de conexões.

Angela Pohlmann

Publicado em 26/08/2013, na categoria Notícias.
Marcado com as tags Extensão e Cultura.