Projeto envolve crianças e jovens em ações práticas para cuidar do solo
Despertar o amor pelo campo por meio do cuidado com o solo. Esse é o intuito de um projeto que a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas (FAEM/UFPel), tem levado a escolas da zona rural da região. As mãozinhas na terra – com jeito de brincadeira, mas tratando de coisa séria -, os experimentos e a troca de conhecimentos sobre o solo deixam claro que a aproximação entre Universidade e escola tem bons frutos a germinar.
O projeto de extensão envolve professores e estudantes de graduação e pós-graduação da FAEM que atuam para incentivar e motivar a participação das crianças e jovens em atividades agrícolas por meio de palestras, demonstrações práticas de conservação do solo e confecção e distribuição de cartilhas lúdicas sobre o assunto.
Na Escola São João Batista de La Salle, na região da Glória – primeiro distrito do município de Canguçu -, os estudantes tiveram um dia cheio com a presença do projeto. Os jovens, de 4 a 16 anos, participaram, conforme a faixa etária, de experimentos que demonstraram na prática situações de erosão, coleta de solo no campo, montagem de vários tipos de camadas de solo e pintura com dedo com diferentes tipos de argila. Uma parte expositiva sobre o tema também fez parte da programação.
Os alunos puderam ver de perto que manter um solo com vegetação evita a erosão e que onde há material orgânico o plantio é melhor, conheceram o perfil do solo – observando as diferentes camadas e concluindo que nas mais superficiais há mais matéria orgânica e por isso a planta se desenvolve melhor, e ficaram sabendo que a coleta do solo para análise laboratorial deve ser feita em vários pontos e de determinadas maneiras.
As montagens das camadas de solo feitas por eles receberam sementes de aveia e ficaram na escola para que os jovens possam acompanhar a evolução.
As coordenadoras do projeto, professoras Maria Cândida Nunes e Flávia Fernandes, destacam que essas ações buscam incentivar a paixão dos jovens pelo campo. “Na região de Pelotas é cada vez mais comum a falta de sucessão nas atividades da agricultura familiar”, avalia Maria Cândida. Segundo ela, tem-se percebido um grande desinteresse por parte dos filhos dos produtores em continuar a desenvolver as atividades agrícolas dos seus pais, muitos destes já idosos. “Essa situação, aliada à falta de sucessão familiar, representa um risco para a sustentabilidade dos sistemas de produção da agricultura e da pecuária local”, assinala.
O diretor da Escola La Salle, José Luiz Rodrigues da Cunha, conta que a maior parte dos 91 alunos vem de famílias de pequenos agricultores. De acordo com ele, o educandário busca fortalecer a permanência no campo e melhorar a qualidade de vida da população rural. Para isso, explicou, é importante valorizar o seu meio e seus interesses, como a terra. “Nós precisamos da aproximação da academia e seus conhecimentos específicos. A extensão rompe os muros da Universidade e também da educação básica. Nos encontramos nesse caminho”, destacou.
Conhecendo para amar
“Como saber se o solo é bom?”, perguntava o professor Pablo Miguel, chefe do Departamento de Solos da FAEM, a uma atenta turma de pequenos estudantes. “Tem raízes, o que significa que tem vida. A vida do solo está nas plantas”, explicou o docente.
Gustavo Wolter Ledebuhr, 11 anos, aluno do quinto ano, já disse que vai contar o que aprendeu para os pais e tentar fazer uma plantação experimental em um vaso. “Gostei bastante porque a gente aprendeu”, disse. O colega Otávio Elert Börk, 11, também se divertiu. “A gente está aprendendo quais as formas e as cores do solo e o que se pode fazer”, contou.
Para receber o projeto
Educandários interessados em participar do projeto podem fazer contato pelo e-mail nunes.candida@gmail.com.
O projeto de extensão é intitulado “Conservação do Solo e da Água em Áreas de Bovinocultura Leiteira na Região Sul do Rio Grande do Sul” e faz parte de um programa mais abrangente – o Programa de Desenvolvimento da Bovinocultura de Leite da Metade Sul do Rio Grande do Sul – Competitividade e Sustentabilidade da Pecuária Leiteira Familiar.