Tecnologias contemporâneas e relações sociais são tema de palestra para servidores
A primeira ação de 2018 do Ciclo Anual de Palestras para Servidores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) tratou das tecnologias contemporâneas e sua relação com o comportamento social. A convidada, a pesquisadora e docente das áreas de Comunicação Social e Psicologia, Margareth Michel, falou sobre o aprimoramento das relações sociais ligadas a esses dispositivos, situações de dependência tecnológica e “Fake News” – as notícias falsas. A palestra foi realizada na manhã desta quarta-feira (14).
Traçando um panorama sobre a maneira como as tecnologias contemporâneas, em especial com suporte on-line, mudam e ressignificam relações e comportamentos, a convidada falou sobre essas tecnologias como extensões do corpo. A percepção de individualidade do sujeito, que começa na Revolução Industrial, ganha força; a verdade é relativa e as mudanças são tão dinâmicas que muitas vezes não é possível acompanhar; não há mais fronteiras delimitadas; sentimento de vazio ligado ao fato de que há menos relações presenciais e muito mais virtuais; estratégias de consumo e descarte rápido.
Margareth ponderou vantagens e desvantagens atreladas à tecnologia contemporânea, como rápida mobilização e troca de informações, mas também exposição de dados e disseminação de conteúdo falso. A palestrante alertou para o cuidado com esse tipo de problema, em especial em ano eleitoral. Segundo ela, existem cinco tipos básicos de notícias falsas: intencionalmente mentirosas, as que trazem rumores, aquelas em que a verdade é alterada por ideologia ou opinião do autor, de viés humorístico e as que apresentam apenas uma parte da verdade. De acordo com dados de abril de 2016 do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da Universidade de São Paulo (USP), três em cada cinco notícias compartilhadas por brasileiros eram falsas. “Às vezes, no ímpeto de aderir ou auxiliar determinada causa social, acabamos por compartilhar ou curtir conteúdos falsos”, alerta. Apenas 39% dos brasileiros checam a fonte da informação e 42% já compartilhou notícias falsas.
Para evitar cair no erro, a docente orienta: não acredite em tudo que lê – o uso de letras maiúsculas e pontos de exclamação são usados com frequência em temas sensacionalistas -, investigue a fonte, considere as fotos, preste atenção na URL, fique atento às formatações incomuns (layouts estranhos e erros ortográficos), observe a data da publicação (pode ser assunto antigo), questione se se trata de uma brincadeira ou farsa e procure por outras reportagens sobre o assunto. “Na dúvida, não compartilhe”, destaca.
Quando afeta a saúde
A palestrante apresentou, ainda, distúrbios que surgiram ou pioraram por conta do uso quase compulsivo da Internet. Entre elas, Síndrome do Toque Fantasma (quando há sensação constante de ação no aparelho celular); Selfiefobia; Fear of Missing Out (FOMO) – conhecida como “medo de ficar por fora” -; Náusea Cibernética; Depressão de Facebook; perda auditiva (em função dos fones de ouvido); Nomophobia (medo de ficar sem telefone móvel); Transtorno de Dependência da Internet; vício de jogos on-line; Hipocondria Digital; Efeito Google (tendência do cérebro em reter menos informações porque sabe que as respostas estão ao alcance de um clique); e Autismo Digital (quando as pessoas estão juntas, mas só interagem por meio de dispositivo eletrônico).
O Ciclo de Palestras é promovido pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP).