Uso de genéricos em Pelotas cresce 625% em dez anos
O uso de medicamentos genéricos em Pelotas aumentou mais de sete vezes em dez anos. Entre as pessoas que utilizaram medicamentos no município, o percentual de usuários dos genéricos passou de 3,6%, em 2002, para 26,1%, em 2012, de acordo com pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas.
O estudo avaliou o uso, a percepção de preço e de qualidade e a correta identificação dos medicamentos genéricos pela população. A análise dos dados é fruto da tese de doutorado da farmacêutica e bioquímica Marília Cruz Guttier, sob orientação da professora Andréa Homsi Dâmaso e co-orientação das professoras Marysabel Pinto Telis Silveira (UFPel) e Vera Lucia Luiza (Fiocruz).
“Nosso estudo mostra que conhecer as características dos medicamentos genéricos e saber identificar as embalagens deste tipo de medicamento são os principais fatores de influência para o seu uso. Quanto maior o conhecimento ou a percepção positiva sobre os medicamentos genéricos, maior a preferência por comprá-los”, afirma Guttier.
Ao todo, a pesquisa entrevistou mais de seis mil pessoas em dois inquéritos populacionais conduzidos em Pelotas nos anos de 2002 e 2012. Além das questões sobre percepção de preço e qualidade dos medicamentos, a entrevista incluiu a apresentação de imagens de medicamentos de referência, similares e genéricos para testar a correta identificação dos produtos pelo participante.
Ao mesmo tempo em que apontam crescimento na utilização, os dados mostram aumento da correta identificação dos genéricos pela população. O percentual de pessoas que classificaram o medicamento similar erroneamente como genérico caiu de aproximadamente 48%, em 2002, para 29%, em 2012.
A percepção sobre o preço e a qualidade dos genéricos se manteve estável no período. 86% dos entrevistados, em 2002, e 87%, em 2012, percebiam o preço do genérico como inferior ao do medicamento de referência, e 70% dos entrevistados consideravam a qualidade do genérico como equivalente à do medicamento de referência nos dois períodos. Também foi observado crescimento na substituição do medicamento prescrito pelo genérico. Em 2002, 33,4% e, em 2012, 43,4% dos entrevistados substituíam o medicamento prescrito pelo genérico na hora de adquiri-lo.
“Em 2002, quase metade das pessoas confundia os similares com os genéricos. Já em 2012, essa proporção caiu para menos de um terço, o que veio acompanhado do aumento da utilização. São resultados que sugerem que campanhas educativas para profissionais de saúde e consumidores são a melhor estratégia para ampliar o acesso a esses medicamentos de menor custo, com qualidade assegurada, para a população”, conclui a autora.
Título: Conhecimento, aceitação e utilização dos medicamentos genéricos após 12 anos da sua entrada no mercado: uma avaliação de base populacional no sul do Brasil.
Orientador: Andréa Dâmaso.
Banca: Aluísio Barros, Iná Santos e Rondineli Mendes da Silva.
Auditório Prédio B.
Data: 05/05/2016
Hora: 8h30min.
Apresentador: Marília Cruz Guttier.