Doutorando defende tese sobre gordura corporal e sono na adolescência

Defesa de tese: Duração do sono e gordura corporal na adolescência.

Orientador: Maria Cecília Assunção

Banca: Pedro Hallal, Anaclaudia Fassa e Silvana Paiva

Local: Auditório Prédio B

Data:24/03/2016

Hora:08h30min

Apresentador: Antônio Augusto Schäfer

Fatores relacionados com a duração do sono na adolescência

A diminuição das horas de sono noturno é uma das mudanças comportamentais que tem sido observada nas sociedades industrializadas. Este comportamento tem sido associado a maior disponibilidade de luz elétrica, equipamentos tecnológicos, maior demanda de trabalho, entre outros fatores. Essas mudanças impactam também os adolescentes de diferentes culturas, que utilizam televisão, computadores e outros equipamentos eletrônicos diariamente e por longos períodos de tempo, tendo como consequência o retardo no início do sono e a redução do mesmo.

A diminuição das horas de sono entre os adolescentes e a alta prevalência de sobrepeso e obesidade nesse grupo etário despertou o interesse de pesquisadores em estudar essa associação. Dados de estudos recentes apontam para uma possível contribuição de um padrão inadequado de sono (quantidade, qualidade e horário) nos distúrbios metabólicos, levando a um maior ganho de peso e risco de obesidade em diversas idades. Tem sido proposto que a relação entre privação do sono e obesidade poderia relacionar-se a um desequilíbrio dos hormônios reguladores do apetite e do gasto energético. Por outro lado, estudos, principalmente, com adolescentes e em países de baixa e média renda, ainda são inconclusivos.

Uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas estudou os fatores associados à duração do sono de adolescentes, bem como a influência da duração do sono ao longo da adolescência na composição corporal dos jovens participantes da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas, estudo este que acompanha continuamente as pessoas que nasceram na cidade de Pelotas no ano de 1993. O estudo foi realizado pelo aluno de doutorado, Antônio Augusto Schäfer, sob orientação da Profª. Drª. Maria Cecília Formoso Assunção e coorientação do Prof. Dr. Marlos Rodrigues Domingues. O trabalho também contou com a orientação do Prof. Dr. Darren Lawrance Dahly da University College Cork, Cork, Irlanda.

Os resultados do estudo mostram que os adolescentes diminuíram sua duração do sono. Em média, aos 11 anos, dormiam 9,7 horas e, aos 18 anos passaram a dormir 8,4 horas. Além disso, evidenciou-se que os jovens com menor escolaridade e pertencentes a famílias com menor renda dormem mais horas do que aqueles com maior escolaridade e pertencentes a famílias com maior renda, destacando a importância dos fatores socioeconômicos na duração do sono dos adolescentes. Os autores também verificaram que a relação entre duração do sono e composição corporal é diferente entre meninos e meninas. Enquanto não se observou essa associação entre os meninos, as meninas que passaram a dormir adequadamente dos 11 para os 18 anos apresentaram alterações na sua composição corporal, com aumento do índice de massa livre de gordura, do índice de massa gorda (gordura corporal) e do índice de massa corporal (IMC) aos 18 anos de idade, quando comparadas àquelas que sempre tiveram duração adequada do sono.

Fonte: PPGE