UFPel estuda competitividade turística de Pelotas e Rio Grande
Avança o estudo da competitividade turística na região. Uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) está possibilitando a realização de estudos da competitividade turística de Pelotas e Rio Grande.
Os estudos renderam dois trabalhos publicados recentemente. Em ambos os casos foi utilizado o mesmo método de análise, baseado em Análise Fatorial Exploratória e IPA-Grid, que permite identificar as principais forças e fraquezas de cada município e a distintividade de cada um deles em relação aos principais concorrentes.
A análise de atributos e desempenho é utilizada em outras áreas no estudo da competitividade, mas no segmento turístico é relativamente recente, e ainda incipiente no Brasil. A inovação das pesquisas, segundo um dos pesquisadores, o vice-diretor da Faculdade de Administração e Turismo da UFPel, professor Edar Añaña, é a adaptação do método de forma a permitir a comparação entre destinos turísticos.
Ambos os estudos verificam os pontos fortes e fracos – e o grau de importância de cada um desses aspectos – em relação a atributos ligados diretamente à indústria turística, e atributos organizacionais, que contemplam questões comerciais e sociais que existem para atender a população residente mas das quais os turistas fazem uso.
Uma Matriz de Importância e Desempenho foi elaborada para identificar a posição relativa das variáveis. “Um destino precisa ser forte em pontos considerados fortes”, resume o docente.
Os artigos apontam que a competitividade é um construto de difícil mensuração. Em sentido mais amplo, nada mais é do que a busca da superioridade em matéria de qualidade – entretanto, quando se tenta medir a competitividade, percebe-se que é um conceito relativo.
Sobre Pelotas, a pesquisa apontou que o município tem como características competitivas mais fortes, em relação a atributos turísticos, a história notável e a arquitetura interessante. Também se destaca, embora em um quesito não tão determinante para atrair turistas, sua vida noturna.
Ao mesmo tempo, a pesquisa aponta como a fraqueza pelotense o oferecimento de atrações dedicadas ao turismo. “Pelotas precisa criar atrativos. Só existe atração se houver estrutura”, alerta o professor. Segundo ele, o patrimônio histórico só é atrativo quando é “teatralizado”, ou seja, quando há o respaldo de ações e serviços que o promovam.
Em relação aos atributos organizacionais, Pelotas recebeu avaliações positivas em elementos não tão relevantes para o turismo conforme a metodologia, como a presença de instituições de ensino e treinamento, comércio varejista e sistema bancário e financeiro.
Através de análise fatorial, os pesquisadores agruparam elementos que permitem uma comparação entre destinos turísticos concorrentes de Pelotas, apontados pelos próprios participantes da pesquisa. Nessa avaliação, Pelotas se destacou em relação ao patrimônio cultural, superando boa parte dos concorrentes. Em relação à estrutura e acolhimento ao turista, ficou à frente de cidades como Bento Gonçalves, São Lourenço do Sul e Jaguarão, perdendo para Canela, Florianópolis, Porto Alegre, Montevidéu e Rio de Janeiro.
Nos atributos organizacionais, o desempenho pelotense foi negativo em facilidade de acesso aos turistas, cultura empreendedora e envolvimento da administração pública com o turismo. Sua estrutura de serviços, no entanto, foi apontada como positiva, ficando à frente, por exemplo, da serra gaúcha e de Capão da Canoa.
Rio Grande
No município de Rio Grande, os estudos mostraram que os maiores destaques em atributos diretamente relacionados ao turismo são, assim como Pelotas, história notável e arquitetura interessante, além de museus e galerias. Como aspectos negativos aparecem a hospitalidade e a receptividade da população local, cultura e gastronomia, modo de vida local, segurança e apelo visual. Os participantes demonstraram avaliar positivamente os atributos organizacionais.
Em comparação com os destinos concorrentes, Rio Grande teve desempenho semelhante ao de Pelotas. Foram destaques a infraestrutura facilitadora do turismo, lazer e entretenimento.
Como foram feitos
Os questionamentos foram respondidos via internet por participantes de vários locais do país. Cada estudo contou com a participação de amostras e públicos distintos, não sendo comparativos um com o outro. Da mesma forma, pondera o professor, as percepções individuais de público residente nos municípios – ou morador há pouco tempo, por exemplo – podem ter influenciado os resultados. A amostra tem grande parcela de estudantes e, por ter sido colhida por conveniência, através da internet, não permite maior controle sobre os respondentes.
Publicações
A competitividade de Pelotas foi reportada em artigo apresentado no 12º Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo, em Natal (RN), e a competitividade de Rio Grande foi apresentada em artigo publicado na última edição da Revista Rosa dos Ventos, da Universidade de Caxias do Sul. Ambos os artigos encontram-se disponíveis em original aqui.