UFPel discute prejuízos com o aumento de caminhões na zona do Porto
Atualmente têm circulado, por dia, cerca de 80 caminhões pela zona do Porto, especialmente pela rua Benjamin Constant, carregados de diversos tipos de grãos. Ocorre que esta região se consolidou como, predominantemente, de habitação, de educação e de cultura. Questões como o ruído ambiental, a trepidação do patrimônio edificado e a restrição do uso da rua, pela população, são apenas alguns dos aspectos levantados pelo grupo que vem se reunindo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para tratar do tema. O dado mais preocupante desta realidade é que a partir de março de 2016, além dos 80 caminhões, circularão mais 120 bitrens, carregados de madeira, com o objetivo de escoar no Porto.
Estiveram reunidos para discutir o assunto, na manhã desta quarta-feira (3), representantes da reitoria da UFPel, do Diretório Central de Estudantes (DCE), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Filosofia, Sociologia e Política, Instituto de Ciências Humanas, Centro de Engenharias, Centro de Artes, Coletivo OCA, Coordenação de Gestão Ambiental e do Núcleo de Patrimônio da Universidade.
A reativação do Porto de Pelotas, segundo o grupo, é incompatível com as características que o bairro assumiu ao longo dos últimos anos. Embora o argumento central se resuma ao aspecto econômico, os integrantes da mesa de discussão foram unânimes em ressaltar os prejuízos que a ação traria para a comunidade interna e externa. Segundo eles, a UFPel entende que o desenvolvimento não se dá exclusivamente pela via econômica, mas por um conjunto de outros elementos que priorizam a cidadania, a educação, a cultura e o bem-estar social, questões que a UFPel vem tratando, como protagonista, há anos, ao priorizar uma nova forma de ocupação do região do Porto.
A UFPel chegou a apresentar propostas de alternativas para equacionar a questão, como um atracadouro do outro lado do Canal São Gonçalo, em frente ao porto ou o uso de outros locais, em regiões próximas.
A Universidade também já se posicionou sobre o tema em ofício direcionado à Secretaria de Portos da Presidência da República, Governo do Estado, Prefeitura de Pelotas e Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). Na tarde de terça-feira (1º), o reitor Mauro Del Pino esteve reunido com o prefeito Eduardo Leite e abordou o assunto (saiba mais aqui). “Somos contrários ao tráfego de caminhões na região do Porto”, ressaltou o reitor. A zona do Porto já está sofrendo outros processos de desenvolvimento, faz anos, com a vinda da UFPel para a região. Foram muitos os investimentos feitos a partir da chegada da Universidade no local.
Para os presentes, compreende-se a importância histórica que o Porto teve para a cidade de Pelotas, mas a retomada de suas atividades através do uso intenso dos transportes terrestres trará mais prejuízos do que benefícios para a cidade.
Um Grupo de Trabalho (GT) com representantes de diversos segmentos será formado para realizar um estudo conceitual sobre a reativação do porto. O primeiro encontro será na segunda-feira (7), às 9h, na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC).
Foram definidos, ainda, a proposição de audiências com o Governo do Estado e a Secretaria de Portos da Presidência da República; criação de material informativo sobre o tema; o apoio a ações coletivas de vínculo com a comunidade; denúncia do tema ao Ministério Público; realização de abaixo-assinado eletrônico e de um painel, até o fim do ano, com a comunidade acadêmica. O tema também será levado à apreciação do Conselho Universitário (CONSUN). O próximo encontro da comissão que está tratando do assunto será no dia 10, às 9h, na reitoria.