Pesquisador de Oxford apresenta seminário sobre doença mental e violência
O professor de psiquiatria forense da Universidade de Oxford, Seena Fazel, apresenta o seminário Epidemiologia das doenças mentais e violência, no próximo dia 10, às 8h30min, no Auditório B do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Aberto ao público, o evento integra o ciclo de seminários do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel.
Considerado um dos mais importantes epidemiologistas em saúde mental do mundo, Fazel é autor de estudos populacionais que contribuem para desconstruir o estigma do comportamento violento associado às pessoas diagnosticadas com transtornos mentais. Em um dos trabalhos mais recentes, os pesquisadores acompanharam aproximadamente 24 mil pessoas com diagnóstico de esquizofrenia em uma coorte que incluiu a população total da Suécia, de 1972 a 2009. O estudo identificou as taxas e os fatores de risco para condenação por crimes violentos na coorte. Foram considerados crimes violentos homicídio e tentativa de homicídio, assalto, roubo, incêndio criminoso e qualquer ofensa sexual, incluindo estupro, coerção sexual, abuso sexual infantil e assédio sexual.
Os resultados apontaram riscos de condenação por crimes violentos 7,4 vezes maiores em pessoas com diagnóstico de esquizofrenia. Embora apontem uma tendência maior à violência em relação à população em geral, as conclusões do estudo enfatizam que a grande maioria das pessoas diagnosticadas com esquizofrenia – 89,3% dos homens e 97,3% das mulheres – não são violentas. Os pesquisadores identificaram, ainda, que três fatores de risco têm papel dominante para o comportamento violento tanto no grupo de pacientes como na população em geral – o uso de drogas e álcool, a prática de automutilação e o histórico prévio de criminalidade – todos presentes antes do diagnóstico.
Além da relação entre transtornos mentais e violência, trabalhos de Fazel com colegas de Oxford chamam a atenção para o impacto das doenças mentais no contexto da saúde pública. Publicados na edição de junho de 2014 da World Psychiatry, os resultados de pesquisa liderada pelo epidemiologista mostraram pela primeira vez que as doenças mentais abreviam a expectativa de vida tanto quanto e até mais do que o tabagismo. Os pesquisadores revisaram dados de 20 estudos científicos sobre o risco de mortalidade associado a uma série de doenças mentais, reunindo informações de mais de 1,7 milhão de pessoas. Para se ter uma ideia, a análise final dos dados revelou que, enquanto o fumo compulsivo pode acarretar perda média de oito a 10 anos, a esquizofrenia pode cortar em média de 10 a 20 anos de vida; o transtorno bipolar, de nove a 20 anos; e a depressão recorrente, de sete a 11 anos.