Discussões sobre o PDI da UFPel começam pelos desafios da universidade pública
A elaboração do novo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade Federal de Pelotas teve seu pontapé inicial dado na tarde desta segunda-feira (6). Com a presença de diretores de unidades acadêmicas e membros da Administração Central, definidos pela metodologia da Constituinte Universitária como os responsáveis pela elaboração deste documento, a reunião ocorreu no auditório do Bloco B do Centro de Artes e contou com a presença do reitor da UFPel, professor Mauro Del Pino.
A sessão foi aberta pelo pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Luiz Osório dos Santos, que fez um resgate da direção na qual o grupo deverá caminhar para a criação do texto. Ele explicou que o PDI forma juntamente com o Projeto Pedagógico Institucional o Projeto Institucional para a UFPel. Entretanto, enquanto o PPI é um documento mais conceitual, voltado para as identidade da organização e sua missão, visão e valores, o PDI é formado por estratégias para que o PPI seja atingido.
O pró-reitor colocou que uma das dificuldades colocadas nessa elaboração é o fato de que o PPI será finalizado após o PDI, além de ser criado por um grupo diferente. “No entanto esses projetos devem conversar”, afirmou. Uma das referências colocadas por ele então, para um possível ponto de partida, é o PPI desenvolvido em 1991 e revisado em 2003. Além disso, ele ponderou que é necessário um diálogo permanente com a comissão da Constituinte para que haja um mapeamento do que está sendo discutido, para que os documentos não apontem para direções opostas.
Logo em seguida, começou a fala da professora Maria de Fátima Cóssio, da Faculdade de Educação da UFPel. Segundo a docente, este é um momento propício para que sejam pensados os rumos da Universidade, já que recentemente foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), que trouxe cinco metas desafiadoras para o ensino superior brasileiro, entre elas a ampliação ao acesso, a elevação da qualidade do ensino com um acréscimo no número de docentes com mestrado e doutorado, o aumento na quantidade de mestrandos e doutorandos e a qualificação da educação básica com a oferta de mais licenciaturas.
Maria de Fátima também destacou que o grupo deve ter uma ideia do que considera por universidade, em especial no âmbito público e estatal. A professora destacou os dois modelos básicos de visão do trabalho da universidade, um mais filosófico-idealista, que foge de uma simples transmissão de informações e parte para um aprendizado baseado no ensino, na pesquisa e na erudição, e outro, mas tecnicista, que é focado na formação profissional e no ensino. De acordo com dados da docente, embora afirme-se que se busca essa formação mais integrada, mais de 90% das instituições da América Latina têm por foco apenas o ensino.
Além disso, a professora destacou o fenômeno de mercantilização da educação superior, que passou a responder às demandas econômicas e mercadológicas, lógica dentro da qual até mesmo as universidades públicas e estatais têm entrado, especialmente no que toca a diversificação de fontes de renda, até mesmo chegando ao ponto de ter a necessidade de geração de recursos.
Dessa forma, o confronto entre as metas do Plano Nacional de Educação e a própria visão da universidade pública trazem três desafios: a democratização do acesso e a flexibilização dos modelos formativos, a elevação da qualidade e as formas de avaliação e o compromisso com a sociedade e a inovação.
Debates
Depois da palestra da professora Maria de Fátima, foi aberto espaço para debates. Entre os temas, esteve a adaptação das metas do PNE às realidades locais, buscando indicadores específicos para cada instituição. “Não temos que planejar a universidade brasileira, mas sim a nossa”, pontuou a docente da FaE.
A atividade prosseguiu, após intervalo, com a formação de grupos de trabalho para responder a questionamentos motivados pela palestrante. Em seguida, foi realizado um painel final para alinhavar os pensamentos.
Os seminários do PDI prosseguem ainda nesta terça (7) e quarta-feira (8). Haverá, no dia 7, palestra com a ex-pró-reitora de Graduação da UFPel, Maria Isabel Cunha, que tratará do Projeto Político Instituição. Já no dia 8, serão definidos a forma de participação e organização dos trabalhos do grupo.