Região colonial de Pelotas recebe Abertura da Colheita da Uva
Os parreirais carregados da família Böhrer, localizados em sua propriedade na Colônia São Manoel, em Pelotas, foram cenário propício para a Abertura da Colheita da Uva na região de Pelotas. Na tarde ensolarada desta quarta-feira (21), compareceram ao local mais de 200 produtores, que, além de celebrarem o início da safra, puderam aprender ainda mais sobre a cultura em um Dia de Campo.
O evento, promovido há quase 20 anos por uma parceria entre a Universidade Federal de Pelotas, a Embrapa Clima Temperado, a Emater/RS, a Prefeitura de Pelotas e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, foi composto por visita técnica e mesa de abertura, seguidas pela bênção dos frutos e posterior colheita.
Em seu pronunciamento durante a abertura, a vice-reitora da UFPel, professora Denise Gigante, agradeceu às famílias que recebem professores e alunos da universidade, oferecendo a possibilidade do aprendizado na prática. Ela também destacou o papel social da pesquisa realizada pela instituição, falando diretamente aos produtores: “Trabalhamos com a pesquisa para que vocês possam usar os resultados”.
Um trabalho em conjunto
A região colonial de Pelotas caminha para a consolidação de 33 hectares de área utilizada para a cultura da videira, com uma produção que pode chegar a 30 toneladas por hectare. As principais cepas da fruta cultivada na região são voltadas para o consumo de mesa, embora algumas variedades voltadas para a produção de suco e vinho também encontrem espaço nas propriedades.
A tarefa das instituições de pesquisa e extensão, segundo o professor César Rombaldi, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos (DCTA) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, é trabalhar em equipe para, em conjunto, levar soluções às situações encontradas pelas famílias produtoras.
Um exemplo citado por Rombaldi é o caso da própria família anfitriã, os Böhrer. Quando decidiram implantar a viticultura em sua propriedade, não possuíam o menor conhecimento nesse tipo de cultura. Isso abriu um espaço para que os pesquisadores e extensionistas pudessem aplicar praticamente seus conhecimentos. O resultado é impressionante, segundo o professor: as mais de mil parreiras plantadas frutificaram, sem exemplares que não vingaram. As aplicações de fungicidas também são extremamente controladas e voltadas para problemas pontuais que possam vir a aparecer.
A acolhida dos produtores familiares à comunidade universitária, citada pela vice-reitora em seu discurso, também foi lembrada pelo professor da FAEM. Com as portas abertas pelas famílias, é possível transformar as propriedades em grandes salas de aula e laboratórios, propiciando uma vivência da realidade de produção em todas as suas facetas: “Quando vou dar aula sobre doenças, por exemplo, não uso o quadro; mostro diretamente na planta”, explica Rombaldi.