Pesquisadores da UFPel e FURG encontram moléculas que podem levar a medicamentos antivirais
Desde 2022, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) está conduzindo um estudo que identificou sete moléculas promissoras para o desenvolvimento de medicamentos antivirais pan-coronavírus.
O estudo é liderado pela professora Karina Dos Santos Machado (FURG) e conta com a colaboração dos professores Adriano Werhli (FURG) e Frederico Schmitt Kremer (UFPel). O grupo utilizou uma combinação de ferramentas de código livre e Inteligência Artificial (IA) para encontrar as moléculas.
O professor do curso de Biotecnologia da UFPel, Frederico Schmitt Kremer, destacou a importância do uso de técnicas de inteligência artificial que permitem explorar uma grande diversidade de moléculas. “Métodos tradicionais de descoberta de medicamentos no computador podem ser custosos para testar um número grande de moléculas – as vezes na escala de milhões – e a IA nos permitiu não apenas selecionar moléculas representativas para serem testadas por estes métodos, mas também calcular as afinidades químicas destas milhões de moléculas em um tempo infinitamente menor”, explicou. Ele também ressaltou que a abordagem utilizada pode ser aplicada a uma ampla gama de doenças, acelerando o desenvolvimento de novos tratamentos.
A professora do Centro de Ciências Computacionais da FURG, Karina Machado, expressou otimismo com os resultados, não somente com relação a possibilidade de tratamento de coronavírus, mas com a possibilidade de uso destas ferramentas para melhorar a busca de soluções para muitos outros tipos de ameaças à saúde em nível global. Modelos computacionais como os propostos por seu time, combinados com experimentos em laboratório, onde vírus reais são manipulados, podem reduzir drasticamente o tempo e o custo de desenvolvimento de novos medicamentos. “Vejo esse trabalho como verdadeiramente interdisciplinar, onde pesquisadores com diferentes visões e perspectivas totalmente distintas sobre um problema se unem para produzir algo realmente importante para a sociedade”, expressou.
A pesquisa faz parte de um desafio científico global proposto pela Conscience, uma organização sem fins lucrativos focada em revolucionar o desenvolvimento de medicamentos. A equipe conquistou o 1° lugar no desafio CACHE (Critical Assessment of Computational Hit-Finding Experiments), superando outras equipes ao submeter o maior número de moléculas promissoras. O feito coloca as universidades gaúchas em evidência no cenário mundial da pesquisa científica.
O CEO da Conscience, Ryan Merkley, destacou a importância do desafio. “O desafio CACHE usa a colaboração, reunindo pesquisadores talentosos de qualquer lugar – tanto das companhias farmacêuticas com bons recursos financeiros quanto de instituições com poucos recursos – para impulsionar novas descobertas em áreas de necessidades ainda não atendidas”, salientou.
Esta edição do CACHE Challenges, organizado pela Conscience, junto com as companhias farmacêuticas Bayer and Boehringer Ingelheim, foi patrocinado por U.S. National Institutes of Health e aproveitou a expertise em design de pequenas moléculas em diferentes continentes.