Água do Câmpus Capão do Leão passa a ser fornecida pela Corsan
A comunidade acadêmica do Câmpus Capão do Leão viveu um marco histórico na última quarta-feira (29) em seus atos talvez mais corriqueiros – e mesmo talvez sem nem saber: ao beberem um copo d’água, lavarem suas mãos ou realizarem experimentos com água vinda da torneira, acadêmicos, servidores e trabalhadores terceirizados usufruíram do abastecimento promovido pela primeira vez pela concessionária de fornecimento de água do município do Capão do Leão (RS), a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
O abastecimento de água potável no Câmpus Capão do Leão é fruto de contestações desde o início das atividades da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel no local, na década de 1940. Nos anos seguintes, ocorreu a construção de uma estação de tratamento, utilizando água do arroio Padre Doutor, que corre nas proximidades da UFPel e da Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, que era operada por esta última, que compartilhava o abastecimento com a Universidade.
No entanto, as águas do Padre Doutor são conhecidas por serem ricas em ferro e manganês, devido a composição do solo local, conforme explica o diretor da Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e docente do curso de Engenharia Hídrica, Gilberto Collares. Apesar de não comprometer o consumo, esses minerais não conseguem ser retirados do produto final, especialmente em períodos de seca, o que causa acúmulo nos encanamentos e pode deixar a água fornecida com turbidez e coloração escura. Além de não satisfazer o consumo humano, experimentos que necessitam água em sua realização podiam estar comprometidos.
Diversas iniciativas ao longo dos anos foram realizadas para qualificar ao máximo o abastecimento do Câmpus e das estação da Embrapa, como a designação do tratamento da água à ALM e a posterior captação de água bruta do Canal São Gonçalo. Também havia a expectativa de que a Corsan finalizasse a instalação de uma nova estação de tratamento de água que atenderia a região do Jardim América, nas imediações da UFPel, o que possibilitaria a adoção do fornecimento de água para o serviço da concessionária.
Nesse contexto, diversas frentes de diálogo foram abertas com as autoridades ligadas à Corsan. Em maio, a reitora da UFPel, Isabela Andrade, esteve reunida com o governador Eduardo Leite, quando entregou ofício solicitando a finalização da ETA e a posterior ligação da rede da UFPel com o serviço de abastecimento. As instâncias locais da empresa foram também procuradas, por meio do superintendente regional da Corsan, Mario Silva, e do responsável pela Unidade de Saneamento do Capão do Leão, Darcy Costa.
No final de outubro, finalmente foi inaugurada a estação de tratamento da Corsan. Desde então, os trabalhos foram focados na adequação das redes locais para o recebimento da água tratada. Tudo isso culminou no dia 29 de novembro, quando cessou o abastecimento por parte da estação própria e iniciou o fornecimento de água vinda da Corsan.
Solução definitiva
“Por muitas décadas, a Universidade sofria com a qualidade da água, um problema agora solucionado em definitivo”, destaca a reitora Isabela, ao ser questionada sobre a importância desse momento.
A mesma visão é compartilhada pelo diretor da ALM, sob cuja alçada estava o tratamento da água do Câmpus até o início da semana. “Toda a comunidade do CCL ganha com a qualidade da água fornecida”, diz Collares. Além disso, o diretor lembra que a Universidade deixa de ter a responsabilidade no tratamento da água consumida, que demandava servidores e trabalhadores dedicados e a compra de insumos específicos, além da própria manutenção da estação.