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Exposição envolve arte e antropologia ao abordar a região da Cohabpel

Até a próxima segunda-feira (14) pode ser visitada a “exposição-cápsula” (exposição em pequeno formato) denominada CP50+ (COHABPEL 50+) na Vitrine AntroLab – nº45 – da Galeria Satte Alam, que liga os calçadões das ruas Sete de Setembro e Andrade Neves. A mostra, que envolve antropologia e artes visuais, evidencia os arredores da Cohabpel, conjunto habitacional na zona Norte de Pelotas.

A exposição traz dezenas de objetos originais datados a partir da virada das décadas de 1960 para 1970, além de documentos, vídeos, material veiculado pela imprensa e registros sonoros que representam um importante momento sociocultural da história da mobilidade urbana pelotense, que, segundo os organizadores, até então não havia sido abordada sob essa relevância.

O material ilustra uma narrativa visual proposta pelo antropólogo e mestrando em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Eligolande Lascano Furtado. Também participam dessa montagem o formando em Antropologia pela UFPel Gerson Machado e o produtor cultural e acadêmico de Geografia Gilmar Pinheiro, ambos integrantes do Laboratório de Antropologia Aplicada (AntroLab), focado em antropologia do consumo.

Segundo Furtado, quem se dirige à zona Norte de Pelotas pelas “vias Osório” (Rua General Osório ou Avenida Fernando Osório), ao passar pela Cohabpel, que ocupa seis quarteirões com prédios quase idênticos, de arquitetura “monótona”, provavelmente não percebe que ali está localizado um dos marcos arquitetônicos, sociais e culturais da cidade. “A Cohabpel é responsável – para dizer o mínimo – por uma virada geográfica radical na paisagem urbana pelotense a partir da década de 1970, consumando a ocupação norte de nossa cidade (em sua região central expandida) ‘em substituição’ à zona Sul, limitada pelo canal São Gonçalo”, avalia.

De acordo com o pesquisador, os arredores da Cohabpel à época, alicerçados pelo comércio e serviços oferecidos e ratificado pelas residências de alto padrão que circundavam o conjunto habitacional popular deram àquela região a alcunha de “zona nobre”. “Que outras cidades de médio ou grande porte, de 1970 a 2000, tinham a sua região nobre associada à zona Norte? Nenhuma que eu tenha em minha memória. E justamente por isso a Cohabpel possui um papel fundamental nessa virada geográfica atípica – mesmo em se tratando de um conjunto habitacional popular”, afirma.

Publicado em 11/11/2022, nas categorias Destaque, Notícias.
Marcado com as tags Antropologia, Artes Visuais, Exposição, Mestrado em Artes Visuais.