Início do conteúdo

Obra de arte histórica restaurada na UFPel é entregue à sociedade

Pintura restaurada de Helios Seelinger está exposta no Museu do Doce

Foto: Gilberto Carvalho

O resultado do esforço de estudantes e servidores/as da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), durante três anos, para a restauração de uma obra emblemática para a cultura do Estado, pode ser contemplado na exposição “História e Memórias do Rio Grande do Sul”, no Museu do Doce (Praça Coronel Pedro Osório, Casarão 8). A pintura “Alegoria, Sentimento e Espírito da Revolução Farroupilha”, de Helios Seelinger  (1878-1965), está à disposição no local, aberto à visitação pública. Após, com destino ainda indefinido, retornará, até dezembro, aos cuidados de instituição estadual com condições estruturais de comportá-la.

A inauguração da exposição, realizada na terça-feira (24) à noite, reuniu representantes da gestão central e da equipe de trabalho para a devolução simbólica do bem cultural à sociedade. A atividade integrou a programação do 14º Fórum Estadual de Museus, evento desenvolvido nos espaços da Instituição até sexta-feira (27), com o objetivo de incentivar reflexões e políticas públicas para as relações museu-sociedade.

A restauração da obra nos espaços da Universidade foi possibilitada pela celebração de termo de cooperação técnico-científica com a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, em 13 de junho de 2019. Desde então, a pintura histórica (1925), de 3,80m de altura e 5,70 de largura, que representa famílias, soldados e espíritos nos principais conflitos bélicos no território do Estado, passou pelos cuidados do Laboratório Aberto de Conservação e Restauração de Bens Culturais da UFPel.

O processo de restauração envolveu higienização, reforço de borda, enxertos, entelamento, remoção de repinturas, reintegração cromática e aplicação de camada protetora. Para o trabalho, dedicou-se uma equipe de servidores/as da Universidade e mais de 30 estudantes dos cursos de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis e Museologia. Junto da obra, os/as visitantes têm acesso à exposição dos materiais e detalhamentos das técnicas utilizadas no processo de restauro, jogos interativos, projeções didáticas, informações históricas,  audiodescrição e demais recursos de acessibilidade.

Resistência Cultural e Defesa da Universidade Pública

A necessidade de resistência pela cultura e de valorização dos espaços acadêmicos  públicos foi abordada no discurso de diversos gestores da Instituição. A reitora da UFPel, Isabela Andrade, destacou o contexto atípico enfrentado pela Instituição: cortes orçamentários, limitação do número de servidores/as, pandemia e adoecimentos. Projetos como o restauro  da obra “História e Memórias do Rio Grande do Sul”, para a reitora, demonstram a importância e a função social da Universidade. “Que nós sejamos resistência pela cultura na nossa cidade, no estado e no nosso país; que a gente possa cada vez mais se unir e lutar e defender a universidade  pública e espaços de ensino, arte, cultura, educação e aprendizados como esse”, convocou.

A mesma visão é compartilhada pela vice-reitora da UFPel, Úrsula da Silva, o diretor do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Sebastião Peres, o diretor do Museu do Doce, Roberto Heiden, e a coordenadora do projeto, Andrea Bachettini. A vice-reitora comentou sobre a importância da pintura para o curso (de Conservação e Restauro) e o País, salientando o caráter histórico do encontro, da obra e do trabalho desenvolvido na UFPel; o diretor do ICH defendeu as Instituições Públicas, em face da situação de dificuldades orçamentárias: “É isso que a Universidade Pública faz, num momento em que as humanidades, a arte e a cultura são tão maltratadas”.

O diretor do Museu do Doce elogiou a capacidade de trabalho mobilizada pelo projeto e o impacto na cena cultural no âmbito local e nacional. Já a coordenadora do projeto enfatizou o processo de mobilização coletiva para a realização do trabalho, o que demandou o envolvimento de diversas unidades da Instituição, com o agravante do contexto de pandemia: “É um momento de emoção. É o trabalho coletivo que incentiva a gente a continuar”, descreveu.