Presidente da Câmara Municipal declara apoio a Hospital Escola da UFPel
O Gabinete da Reitoria da UFPel recebeu no início da noite desta quarta-feira (18) reunião entre a gestão da Universidade e do Hospital Escola com a liderança da Câmara de Vereadores de Pelotas. Na pauta estava a construção da sede definitiva da casa de saúde e o número de leitos que o espaço contará.
Estiveram presentes na ocasião a reitora da UFPel, Isabela Andrade, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Paulo Ferreira Jr., a superintendente do Hospital Escola, Samanta Madruta, a gerente administrativa, Danielle Zaffalon, a gerente de Atenção à Saúde, Carolina Ziebell, o gerente de Ensino e Pesquisa, Tiago Collares, e o presidente da Câmara Municipal de Pelotas, Cristiano Silva.
O encontro foi proposto pela própria Universidade, de forma a elucidar alguns pontos importantes sobre o projeto já aprovado para a construção do novo bloco do Hospital Escola, que completará a estrutura localizada na avenida Almirante Guilhobel, no bairro Fragata.
Fruto de discussões iniciadas há mais de 10 anos, gerando diversas versões que nunca chegaram a ser licitadas ou até mesmo terem seus projetos executivos, o projeto atual permitirá um crescimento de estrutura física de cinco mil para 30 mil metros quadrados, que centralizará as atividades do hospital em apenas um local, contando também com seus ambulatórios. Os leitos passarão de 175 para 250, uma ampliação de cerca de 40%. Além disso, serão solucionados gargalos nas áreas de assistência e de ensino, como as UTIs geral e pediátrica, o centro cirúrgico e a instalação de leitos psiquiátricos.
A construção já será pensada para possíveis ampliações: a execução da obra contará com reforço nas fundações que permitam o acréscimo de mais dois andares e a rede de gases também já será implantada com possibilidade de aumento.
Além de toda essa qualificação, finalmente o Hospital Escola da UFPel terá a sua sede própria, algo que não se repete em nenhuma outra instituição da rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A extinção do contrato de aluguel e a necessária manutenção no prédio locado também trarão uma economia de mais de R$ 2 milhões anuais.
Leitos qualificados para o ensino
O líder do legislativo municipal aproveitou a reunião para convidar a gestão tanto da Universidade quanto do Hospital Escola para uma audiência pública proposta por um dos vereadores para discutir a capacidade da nova estrutura: “O HE é uma referência, um hospital que não é de Pelotas, mas da região, por isso, esta é uma discussão de toda a zona sul do estado”.
No entanto, a superintendente contestou a efetividade de tal debate, visto que o dimensionamento do novo hospital já está finalizado e aprovado junto a diversas instâncias de decisão: “O número de leitos já está dado, está contratado para 250”, apontou Samanta.
Silva ainda pontuou que isso acarretaria em uma perda de 114 leitos do projeto anterior. No entanto, a reitora Isabela disse que não haverá perda. “Não podemos dizer que estamos reduzindo leitos, mas que estamos ampliando o número da realidade atual”, argumentou. Outro fator é que havia previsão de leitos de pronto-socorro na estrutura, algo que não seria mais necessário, visto que Pelotas receberá um hospital regional de pronto-socorro nos próximos anos.
A equipe gestora do HE explicou ainda alguns fatores que impactam no dimensionamento do novo prédio. O primeiro deles é o custo de cada uma das obras – de 250 leitos ou de 360 -, que poderia saltar de cerca de R$ 80 milhões para R$ 200 milhões. Outro ponto é que cada leito tem custo anual médio de R$ 1,3 milhão, valor que deve passar por contratualização junto à gestão do Sistema Único de Saúde no município: “Não é o Ministério da Educação que sustenta o hospital; quem financia o HE é a Secretaria de Saúde de Pelotas”, explicou Samanta.
Outro ponto, levantado pelo gerente Collares, é o fato de o HE estar credenciado como hospital de ensino. Isso impacta em diversos âmbitos, como o próprio espaço físico, que deve ser adequado a tal atividade, mas também na forma como se dá a dinâmica da assistência: “Um hospital de ensino é diferente, aproxima a ciência da assistência”, destacou.
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento também trouxe outro argumento, corroborado pela superintendente do hospital. “O HE é um hospital da Universidade; existe para ensinar aos 10 cursos da área da saúde da UFPel”, explicou ele; foi complementado por Samanta que a assistência e a inserção desse hospital na rede pública de saúde é uma importante consequência dessa missão inicial.
No entanto, Ferreira também lembrou que as universidades brasileiras e o investimento nos serviços públicos passam por um dos piores momentos de sua história, o que também motivou a decisão por um hospital de menor porte. “Devemos nos agarrar a esse projeto, que é factível, pois temos chances de perde-lo mais uma vez”, ponderou.
Unidos pela saúde da região
A equipe gestora da Universidade e do Hospital Escola disse acreditar, na reunião, que a discussão ao entorno da qualificação do atendimento em saúde na região ser muito importante, mas que ela não deve girar no entorno da quantidade de leitos de um hospital, que acaba tornando-se um pouco rasa.
“Claro que, para a comunidade, quando chega essa discussão, é melhor ter mais leitos”, avaliou Isabela. No entanto, a reitora destaca que melhor ainda é que o hospital saia do papel, algo que nunca ocorreu e que, com o projeto atual, é possível acontecer: “A gente nunca teve um projeto executivo na mão – nunca passamos dos estudos preliminares -, mas agora já estamos fazendo”.
A previsão é que a entrega de tal material seja entregue em março de 2022, permitindo o lançamento da licitação. De acordo com Samanta, se tudo correr de acordo com o previsto, já no ano que vem pode ser instalado o canteiro de obras.
Com uma licitação aprovada e obras em andamento, aí sim seria o momento, segundo a superintendente, de união em torno da pauta do Hospital, com pressão junto a parlamentares e bancadas para a liberação de emendas voltadas à construção. “Ter uma licitação em andamento permite os aportes na obra”, explicou.
Também foi levantado durante a reunião o necessário debate ao entorno da manutenção do sistema de saúde: “Uma discussão maior que o recurso para construir deve ser o recurso para manter”, disse a gestora do HE. Por isso, acolhendo a sugestão da equipe presente, o presidente da Câmara convidará para a audiência não apenas a administração do HE, mas dos demais prestadores de serviço da rede SUS de Pelotas.
A construção de um novo hospital acarretará em impactos para além da ampliação física. “Não é possível pensar em construir um hospital sem a perspectiva de equipá-lo e fazê-lo funcionar com o pessoal necessário”, destacou, ao pontuar que o HE é um dos poucos hospitais sustentáveis da rede Ebserh.
O presidente da Câmara de Vereadores declarou, então, seu apoio ao projeto: “Minha intenção é ser parceiro de vocês. Fortalecendo o Hospital Escola, fortalecemos a saúde de toda a região”. “A gente precisa desse apoio”, afirmou Samanta, ao encaminhar o final da reunião.